Artigos

Temos de agir enquanto é tempo!

Quando o Verão nos brinda com o regresso do futebol, do rali vinho Madeira e das festas, que enchem de gáudio e alegria as nossas gentes, e sem querer pôr mais uma acha para a fogueira, no que se passa no seio da PSP, que tudo faz para garantir a segurança do país e da nossa ilha em particular, deixa os decisores políticos sem espaço para pensar primeiro e agir depois, entre outros assuntos que nos visitam quotidianamente, resolvi não referir qualquer destes temas na presente crónica.

Porque, os tempos que hoje vivemos são de sobressalto e de aflição. Há cerca de doze anos que não saímos de uma situação de crise. Foi a de 2010, depois a pandemia que já dizimou infelizmente três centenas de madeirenses, e agora a guerra da Ucrânia. É demasiado e carece de um esforço tremendo para ultrapassar todos estes problemas e enfrentar novos desafios.

No caso da Ilha da Madeira temo-nos portado bem e o governo regional tem conseguido resolver razoável e eficientemente, as consequências da guerra e da própria pandemia que ainda, apesar de tudo, nos continua a martirizar. Ela não desapareceu e não será tão depressa que isso acontecerá. Veio para ficar.

Além disso, nas últimas semanas, os sinais do dia-a-dia são deveras preocupantes. Primeiramente os incêndios em Portugal, como se fossem um “ciclo vicioso” ano após ano o fogo, condiciona-nos a liberdade, o quotidiano económico, atormenta-nos, destrói vidas e pertenças. No entanto, grita o senso comum que importa fazer mais e melhor, quer em termos de prevenção quer de combate.

Ademais, os mercados financeiros a vaticinarem a aproximação de uma nova crise devido a crescente inflação com a consequente subida das taxas de juro, com a ajuda do Banco de Portugal, ao anunciar que se prevê subidas da prestação do crédito à habitação. Triste sina a nossa.

Como se nada disto chegasse, e para compor o ramalhete, embora numa escala menor, dentro de portas, a nossa ilha, está confrontada com uma pequena “onda de violência” nos jovens, muitas vezes criada nas redes sociais, descontextualizando a realidade dando uma perceção por vezes errada das situações.

Há um ditado popular usado com frequência quando alguém se refere ao infortúnio de outro, que é: “no melhor pano cai a pior nódoa”. Não encontramos melhor expressão para denominar o difícil momento que atravessa uma pequena parcela dos nossos jovens, que estão a ser bafejados pela droga e pelo álcool que os “atira” para o mundo da criminalidade e da violência.

Estes sinais são preocupantes quer em termos de segurança, quer no comportamento dos cidadãos e das famílias. Tudo isso, é preciso ser lido primeiro pelos políticos que têm o poder nas mãos e, depois, pelos tribunais que aplicam a lei e pelos próprios cidadãos.

O fenómeno da violência é alarmante, e deve abalar as consciências dos responsáveis políticos, das instituições e da sociedade, começando por aquela que está à nossa volta, e gritando bem alto perguntar para onde vamos! E se há alturas em que é fundamental, mostrar a nossa opinião e juntar a nossa voz a uma causa que é nossa, esta é certamente uma delas.

Não podemos mais tratar com “paninhos quentes” uma situação que está a agravar-se a cada dia e que é um poço profundo no nosso país. Porque quando alguém a falar de segurança pública, diz que o tempo não resolve nada, o que resolve, são as decisões dos decisores e a afetação dos recursos, é o fazer as coisas acontecer, porque quem governa tem de tomar decisões. Dói, mas é a diferença, entre ser governante e ser oposição.

Para finalizar só tenho de dizer que este alerta não é para responsabilizar este ou aquele em particular. O meu reparo vai sem destinatário definido. Só importa viver numa sociedade mais segura e que os nossos jovens possam crescer, evoluir e ir mais além com empenho, dedicação e esforço, mas é amordaçada pela realidade que faz que cada pessoa se sinta um peso na sociedade e na família. Por isso, temos de agir enquanto é tempo!