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Venezuela e Colômbia anunciam restabelecimento de relações diplomáticas

Foto Shutterstock
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A Venezuela e a Colômbia anunciaram ter chegado a um acordo para retomar as relações bilaterais, reabrir a fronteira entre os dois países e nomear embaixadores em Bogotá e Caracas, respetivamente.

"Nesta ocasião, os Ministros dos Negócios Estrangeiros (...) manifestaram a sua vontade de avançar com uma agenda de trabalho para a normalização gradual das relações binacionais, com início a 07 de Agosto, com a nomeação de embaixadores e outros funcionários diplomáticos e consulares", anunciou o recém-designado ministro dos Negócios Estrangeiros da Colômbia.

Álvaro Leyva Durán falava em San Cristóbal, Estado de Táchira (sudoeste do país), numa declaração conjunta com o homólogo venezuelano Carlos Farias, no âmbito de um encontro em que participou também o Governador de Táchira, Freddy Bernal e o representante da Missão de Verificação dos Factos da ONU na Colômbia, Raúl Rosende.

Segundo Álvaro Leyva, os dois ministros demonstraram disponibilidade "para consolidar os laços de amizade e cooperação, revendo todas as questões de interesse binacional" e reafirmaram "a vontade de trabalhar em conjunto para garantir a segurança e a paz na fronteira" entre os países.

Por outro lado, o ministro venezuelano Carlos Farias explicou que estavam a cumprir uma missão importante, delegada pelo Presidente Nicolás Maduro.

"Conversámos sobre os elementos históricos que unem os nossos países e os nossos povos. Acordámos (...) restabelecer os embaixadores que representarão os nossos países, todas as equipas de trabalho nos diferentes consulados, tanto os que representam a República Bolivariana da Venezuela como a Colômbia", explicou Carlos Farias.

Carlos Farias explicou ainda que Bogotá e Caracas falaram e concordaram em "olhar com cuidado e trabalhar em prol da paz e segurança" fronteiriça.

"Falamos da abertura gradual da fronteira, um aspeto que irá beneficiar direta e imediatamente os nossos povos", precisou.

Segundo Carlos Farias, foi feito "um relato histórico da grande cooperação e da balança comercial" que "existia antes da interrupção das relações" bilaterais. E reforçou: "[É] o objetivo para o qual temos de trabalhar neste momento".

O ministro venezuelano frisou ainda que a finalidade "é o restabelecimento de relações de respeito, compreensão, solidariedade e complementaridade".

"Este foi um dia histórico, numa altura em que o presidente Petro (Gustavo), está prestes a assumir o seu papel de Presidente (na Colômbia), e estaríamos a começar com todas as ações dinâmicas que acordámos (...) Estamos a dar este importante passo na aproximação dos nossos povos e no restabelecimento de relações políticas, diplomáticas e económicas", disse.

A Venezuela e a Colômbia partilham mais de dois mil quilómetros de fronteira.

Em 23 de fevereiro de 2019, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cortou as relações diplomáticas e políticas com a Colômbia, país que acusou de apoiar os Estados Unidos num golpe de Estado contra o seu regime.

"Decidi romper todas as relações políticas e diplomáticas com a Colômbia. Não se pode aceitar que continuem a disponibilizar o território colombiano para provocações contra a Venezuela", disse perante milhares de simpatizantes durante uma marcha em defesa da revolução bolivariana, em Caracas.

"Todos os embaixadores e cônsules da Colômbia têm 24 horas para sair da Venezuela", frisou.

A rutura de relações teve lugar depois do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, ter acusado os EUA e a Colômbia de violarem a Carta das Nações Unidas, ao apoiarem o líder opositor venezuelano Juan Guaidó que, em 23 de janeiro de 2019, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos do Presidente Nicolás Maduro.