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Lula da Silva diz que negação de ciência de Bolsonaro agravou a pandemia no Brasil

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O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, candidato favorito nas eleições presidenciais de outubro, afirmou hoje que a negação da ciência pelo Presidente, Jair Bolsonaro, foi um dos fatores que agravou a pandemia de covid-19 no país.

"O resultado mais trágico do apagão científico que estamos sofrendo hoje são os quase 680 mil brasileiros mortos pela covid-19, muitos deles porque o atual Presidente ignorou todas as recomendações da comunidade científica", disse Lula da Silva num congresso da Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência (SBPC).

O ex-presidente citou dados oficiais, segundo os quais o investimento estatal em ciência e tecnologia, setor que inclui investigações na área da medicina, caiu para 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desde que Bolsonaro chegou ao poder, em janeiro de 2019.

Lula da Silva comparou esses números com os 1,24% que esse investimento atingiu na sua gestão (2003-2010) e sustentou que os níveis atuais são semelhantes aos que o país tinha no ano 2000.

"O atual Governo colocou o Brasil numa máquina do tempo, mas caminhando para o passado", declarou o ex-presidente e candidato de uma ampla frente progressista contra Bolsonaro, que aspira à renovação do mandato.

"Fome, desemprego, destruição de direitos trabalhistas, inflação, corrupção e ameaças à democracia são as marcas de um Governo que nega a ciência em todos os seus atos", declarou Lula da Silva, que acrescentou que o executivo é chefiado por um Presidente "que chegou a boicotar vacinas" contra a covid-19.

No evento, realizado na Universidade de Brasília (UnB), Lula da Silva foi aplaudido por centenas de jovens estudantes, perante os quais prometeu levar o país para o futuro.

O líder progressista defendeu que "a soberania nacional e a defesa do meio ambiente devem andar de mãos dadas em prol da "cidadania, trabalho e renda", num país onde "a ciência é reconhecida pelo que é, uma ferramenta extraordinária para o progresso".

O Brasil vai às urnas no dia 2 de outubro e, até agora, todas as sondagens apontam favoritismo a Lula da Silva, a quem são atribuídos 45% das intenções de voto contra os 30% de Bolsonaro.

No caso dos eleitores mais jovens, essa vantagem é ainda maior e, segundo um levantamento divulgado na quarta-feira pelo instituto Datafolha, Lula da Silva conta com o apoio de 51% do eleitorado entre 16 e 29 anos, segmento que representa cerca de 45% do registo nacional de eleitores, grupo do qual apenas 20% afirmaram apoiar a reeleição de Bolsonaro.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar 677.804 vítimas mortais e mais de 33,7 milhões de casos confirmados de covid-19.