Madeira

Pastores consideram “falsa, enganadora e infundada” a imagem de eficiência da fiscalização da natureza da Madeira

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Na conferência de imprensa realizada, esta manhã, no Pico do Prado, junto aos Currais das Tosquias, de Santo António, a Associação dos Pastores das Serras de Santo António, São Roque e Arieiro, sublinharam a necessidade de uma revisão na legislação existente na Região, assumiram a sua posição pública sobre a posse, usufruto e gestão dos extensos terrenos comunitários das serras regionais e ainda expressaram preocupação com a saturação das serras com plantas infestantes.

Os pastores afirmaram que a legislação existente na Região necessita de “revisão e de uma melhor adaptação à realidade orográfica e de pasto” das serras da Madeira, bem como a pastorícia também necessita de leis e regulamentos “honestos e tangíveis”.

Pretendemos para nós o mesmo enquadramento que os rebanhos existentes e que se abrigam gratuitamente nos ovis do governo.  As margens e latitudes de segurança que lhes são atribuídas devem ser universais, ou seja, também se devem aplicar a outros rebanhos que queiram e necessitem de apascentar sem serem importunados e perseguidos.

Na mesma ocasião, que decorreu durante a realização anual das tosquias dos animais ovinos, os Pastores deixaram claro que não vão abdicar dos direitos de utilização e gestão dos terrenos comunitários das serras de Santo António, São Roque e Areeiro. “Deles faremos finca-pé. O direito é nosso”, frisaram, acrescentando que o Governo Regional fez, e continua a fazer, diversas tentativas de apropriação e de usurpação destas áreas comunitárias. "Nem o Governo nem particulares milionários se podem sobrepor ao que a Lei dispõe. Defenderemos a legalidade sem um único momento de desatenção".

Em outro momento, a Associação veio sublinhar que é “falsa, enganadora e infundada” a imagem de eficiência da fiscalização da natureza da Madeira, por parte do Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza (IFCN). "São diárias as descargas de resíduos da construção e demolição nas nossas serras e a Polícia Florestal só “caça” um, cada três mês ou pouco menos. Que eficácia têm esses meios e serviços que permitem a existência de “Cemitérios de Amianto” junto a ZEC da Laurissilva da Madeira no sítio das Ginjas", referem.

Os Pastores acrescentam que a Polícia Florestal demonstra "pouca eficácia" perante estes e outros atentados ambientais e só servem para “amedrontar e chantagear” os proprietários de animais e para “perseguições cegas a inocentes e indefesos” criadores de gado. "As suas ações barbáricas e prepotentes estão visíveis e patentes aos olhos de toda a sociedade madeirense", afirmam, dando o exemplo do que aconteceu recentemente com o abate das cabras no Curral das Freiras.

De armas em riste justificam que estavam a “cuidar” da floresta Laurissilva numa zona onde ela não existe, Pico do Cidrão Curral das Freiras, e pelo caminho matam umas cabras e tomam como apascentação animais amarrados com trelas e a se dirigirem para os seus currais. Que justificação para estarem munidos de uma carabina, várias caçadeiras e pistolas á cintura? Para uma operação na “Laurissilva”?

Nesse sentido, os Pastores apelam ao Governo Regional, especialmente à secretária regional de Ambiente, que abra um inquérito para apurar os factos sobre este e outros episódios de "abuso de poder e uso indevido de ameaça armada".

Por fim, em relação ao crescimento de plantas infestantes nas serras da Madeira, a Associação volta a salientar que o IFCN “absolutamente nada fez ou faz” pela limpeza e controlo das giestas, feiteiras e outras infestantes.

O Verão aproxima-se, e se este ano for favorável ao aparecimento de fogos florestais, as nossas serras arderão como nunca foi visto. Faixas corta-fogo e outras medidas físicas não impedem a faúlha em combustão de se transportada pelas correntes de ar.

E deixa ainda a indicação que nenhum dos tanques da rede de incêndios tem condições para armazenarem água. "Ora estão despedaçados ora até giestas e carqueja cresce do seu fundo. Desastre absoluto", frisam.