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UE e Irão retomam "nos próximos dias" negociações sobre programa nuclear

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Foto EPA

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, concordaram hoje, em Teerão, com o recomeço, "nos próximos dias", das negociações sobre a questão nuclear.

"A minha visita visa principalmente quebrar a dinâmica atual, ou seja, a dinâmica de escalada", disse Borrell aos jornalistas, antes de anunciar o recomeço das negociações de Viena "nos próximos dias", após uma suspensão de quase quatro meses.

"Tivemos uma conversa longa, mas positiva, sobre a cooperação abrangente entre o Irão e a UE", disse Amir-Abdollahian, na mesma conferência de imprensa, após uma reunião bilateral de duas horas.

Segundo o ministro iraniano, o país afirmou-se, no encontro, pronto para retomar as negociações nos próximos dias.

Para a República Islâmica do Irão, o que é importante "é o benefício económico total que [o país] deve obter do acordo concluído em 2015", acrescentou, referindo-se principalmente ao levantamento das sanções económicas.

"Vamos tentar resolver os problemas e diferenças através das negociações, que serão retomadas em breve", reiterou.

As negociações em torno do programa nuclear iraniano estão bloqueadas desde o passado mês de março.

Na quinta-feira, o Irão e a Rússia acordaram alargar a cooperação económica e energética para lidar com as sanções dos Estados Unidos da América (EUA), com Teerão a insistir que isso é essencial para salvar o pacto nuclear, postura suportada por Moscovo.

Washington reintroduziu sanções económicas ao Irão quando os Estados Unidos abandonaram, em 2018, o pacto internacional assinado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano, e a Rússia está sob sanções dos Estados Unidos, União Europeia e outros países desde a sua invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, em visita a Teerão, disse na quinta-feira, numa conferência de imprensa conjunta com Hossein Amir-Abdollahian, que é um "dever" de ambos os países expandirem as suas relações face às sanções dos "Estados Unidos e os seus aliados".

"Temos de encontrar uma forma de expandir as relações na área da energia, transportes e agricultura, finanças e questões aduaneiras", defendeu o ministro russo.

Lavrov explicou que as trocas comerciais entre os dois países aumentaram 80% no ano passado, para 4.000 milhões de dólares (3.805 milhões de euros), números que espera que aumentem em breve com a assinatura de um novo acordo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano voltou então a pedir a retirada das sanções reintroduzidas pelo anterior Presidente dos EUA, Donald Trump, para reavivar o acordo que limita o programa nuclear do Irão, uma posição apoiada pelo seu homólogo russo.

Os laços entre o Irão e a Rússia intensificaram-se nos últimos meses, com a visita do Presidente do Irão à Rússia, em janeiro, e com duas deslocações de Abdollahian à capital russa em menos de um ano.

No final de maio, o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, visitou Teerão para expandir a cooperação com a assinatura de três acordos no setor petroquímico.