Madeira

“A arte é uma arma de guerra”

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Foto Rui A.Silva/ Aspress

Ricardo Miguel Oliveira abriu as 'hostes' para ‘Talk’, ‘Somos todos parte’, com a participação de profissionais na área da economia criativa dos vários países participantes na Cimeira das Indústrias Criativas do Atlântico, que decorre este sábado, 25 de Junho, no Centro Cultural John dos Passos, na Ponta do Sol.

Namalimba Coelho – nascida em Angola e a única mulher presente nesta ‘Talk’ – foi a primeira a intervir e propôs-se a ser “a voz de todas as mulheres” no evento.

A comunicadora na área da cultura e das artes explicou que o seu trabalho centra-se nos diretos humanos, nomeadamente, na utilização da “arte” como forma de sensibilizar para os mesmos, procurando levá-la a “espaços não convencionais”.

A arte é uma arma de guerra” e acredito que a arte aliada aos direitos humanos é, realmente uma arma poderosa, no mundo contemporâneo.

A curadora falou também dos projectos desenvolvidos nesta área, apontando como exemplos: o projecto ‘Maka Lisboa’ (de combate ao racismo através de uma série de exposições e performances), o projecto ‘Lisboa Criola’ (que une a cultrua portuguesa e a herança africana) e uma série de workshops em bairros sociais.

João Branco, por Cabo Verde, destacou o papel das Indústrias Culturais como uma forma de fazer de fazer do seu país “mais do que um destino turístico de sol e praia” e, nesse contexto, enalteceu o papel de Cesária Évora como a verdadeira embaixadora da cultura cabo-verdiana.

“Vão lá porque ouviram uma morna ou um funaná”, frisou o também o fundador do Festival de Teatro do Mindelo, um dos mais importantes eventos de artes performativas do continente africano.

O encenador, actor, professor, programador e investigador cultural desafiou ainda Sérgio Nóbrega a participar no ‘Projecto de economia dos afectos’ e, numa nota final, instou os governos a aumentar o peso da cultura nos seus orçamentos.

Por seu turno, Adelino da Costa, da Guiné Bissau, deixou uma forte mensagem aos povos ilhéus: “Temos, como ilhas atlânticas, de unirmo-nos” e propôs a criação de “um passaporte Atlântico” para facilitar a mobilidade dos artistas entre os da Comunidade de Língua Portuguesa.

Já o artista plástico santomense, Kwame Sousa, falou do seu ‘Ateliê M’, a primeira escola informal de artes visuais em São Tomé e Príncipe. A ideia central é “o papel das Indústrias Criativas passa pelo empoderamento de quem não tem”.

Cimeira Atlântica volta a colocar Ponta do Sol no mapa das Indústrias Criativas

Pode acompanhar o evento no nosso site ou, em directo, na TSF-M

“O centro da cultura contemporânea na Madeira não é o Funchal, é a Ponta do Sol”, vincou o relações públicas e coordenador de marketing na área hoteleira da Estalagem da Ponta do Sol na sua intervenção.

Nuno Barcelos, um dos mais importantes e reconhecidos programadores culturais da Madeira, que enumerou alguns dos eventos e projectos que fazem da ‘vila’ um verdadeiro ‘atelier’ regional das Indústrias Criativas, como sejam: os ‘Concertos L’, o Madeira Dig, Madeira Micro International Film Festival, o 'Festival Aqui Acolá’ e o ‘Estalagem da Ponta do Sol Residency for Music and Electronics’.

O artista e DJ Dilen Magan – que irá animar a 'Networking Party', inserida na programação da Cimeira Atlântica das Indústrias Criativas, marcada para o final da tarde, na Praia dos Anjos – revelou que irá trazer à Madeira um projecto de comercialização de obras de arte.

Numa segunda ronda de questões, questionado sobre a oferta cultural na Madeira, Dilen Magan constatou que, “à excepção da Ponta do Sol, pouco se faz”.

A Madeira podia vender os arraiais como um evento cultural.

Além da promoção daquilo que é regional – nomeadamente dos arraiais – o artista assumiu a ambição de criar, do outro lado da ilha, no Fórum Machico “um ‘hub’ onde as pessoas se pudessem ligar em termos artísticos e tecnológicos”.

“Uma plataforma onde as universidades também possam vir trabalhar connosco”, acrescentou.

O problema de fundo, na sua opinião, é que “existe falta de reconhecimento da arte como um factor de desenvolvimento económico”.

A ‘fechar’ a primeira ronda de questões, José Paulo do Carmo falou na qualidade de “unificador de peças na área das Indústrias Criativas”, sintetizando o espírito de aproximação da lusofonia que serve de mote a esta Cimeira Atlântica.

Sobre a oferta cultural na Região, contrapôs que “na Madeira faz-se boa cultura”, motivo pelo qual considera que o arquipélago consegue “combater a sazonalidade do turismo”.