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Inflação

Toda a gente sabe que “inflação”, falando em termos económicos, é a subida generalizada do nível dos preços. Quando isso acontece, cada unidade de moeda fica com menor capacidade de adquirir bens e serviços.

A inflação (e o seu contrário a deflação) avalia-se pelo índice respectivo, expresso em percentagens.

A inflação é tão velha quanto o aparecimento do dinheiro.

Actualmente, a inflação é uma das preocupações que aflige todo o mundo, por afectar directamente a qualidade de vida de todos, em especial de quem tem menor poder económico e financeiro.

Como em quase todos os assuntos que interessam a quase todas as pessoas (se não a todas), a inflação, que se experiencia actualmente e tende a crescer, motiva diverso tipo de justificações ou explicações por parte de especialistas e de cidadãos comuns.

A grande maioria das pessoas atribui o fenómeno ao efeito, na economia, da pandemia COVID19.

De facto, no início de 2021, assistiu-se a um aumento dos preços devido à baixa generalizada da produção, mantendo-se praticamente idêntica a procura. A pandemia produziu uma alteração significativa na cadeia global de produção.

Para além disso, os preços de 2021 foram comparados com os de 2020 ano em que a economia mundial quase estagnou.

Acresce, a este cenário do lado da produção, a necessidade que os governos tiveram de aumentar o endividamento para apoiarem a economia e as famílias, em tempo de crise.

Alguns dos sectores que mais contribuíram para a inflação foram a energia (combustíveis), a alimentação e a habitação.

Ainda não refeito dos problemas causados pela pandemia, o mundo enfrentou a situação causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, com a consequente guerra que parece não ter fim à vista.

Como consequência da guerra e das sanções aplica à Rússia, por quase todos os países ditos ocidentais, com a interrupção da importação de gás natural (por exemplo, pela Alemanha), petróleo e outros produtos, o preço dos combustíveis disparou, assim como o da energia eléctrica.

A consequência imediata, foi a pressão sobre os preços de bens e serviços, um pouco por todo o lado. A crise energética 2021-2022, é já considerada a maior dos últimos 50 anos.

A juntar a isso, a Ucrânia, “celeiro da Europa”, está praticamente impedida de exportar os cereais e outros produtos agrícolas que produz, agravando a falta de bens alimentares de primeira necessidade, com o consequente aumento dos preços.

Nem precisamos de ter em conta o desemprego, o fim das moratórias de créditos bancários às empresas e às famílias, o endividamento dos Estados para fazer face à pandemia, a necessidade de os bancos centrais subirem os juros, a obrigatoriedade de retomar os pagamentos à banca pelos detentores de créditos diversos (em especial, créditos à habitação própria), para percebermos que, infelizmente, o aumento da inflação é “um processo em construção”.