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São Tomé e Príncipe entra para programa europeu de cooperação orçado em 200 milhões de euros

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São Tomé e Príncipe vai ser um dos quatro países africanos a entrar no próximo programa europeu de cooperação territorial Interreg Mac 2021 -- 2027, que será orçado em 200 milhões de euros, foi hoje anunciado.

A informação foi avançada à imprensa, na cidade da Praia, pela embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, Carla Grijó, na abertura de umas jornadas de apresentação dos projetos aprovados com Cabo Verde no segundo programa Interreg Mac 2014 -- 2020.

Do actual programa, que atrasou por causa da pandemia da covid-19, mas tem de terminar até Dezembro de 2023, foram aprovados 68 projetos, dos quais 54 têm a participação de pelo menos uma entidade cabo-verdiana, nas mais diversas áreas.

Segundo a embaixadora, o próximo programa territorial Interreg Mac 2021 -- 2027 vai ser "mais ambicioso" e além das regiões ultraperiféricas de Espanha e Portugal (Canárias, Madeira e Açores) e dos convidados Senegal, Mauritânia e Cabo Verde, vai integrar São Tomé e Príncipe, Gana, Gâmbia e Costa do Marfim.

"Dos países terceiros que têm agora acesso a este programa, cinco são Estados-membros da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), e Cabo Verde como tem sido um país muito activo nesse programa, coloca-se agora também numa posição de poder fazer a ponte com os restantes países da região", frisou a embaixadora, para quem a experiência de Cabo Verde "pode ser válida" também para países que partilham a mesma língua (o português), como é o caso de São Tomé e Príncipe.

Com 200 milhões de euros financiados pela União Europeia através do programa comunitário Interreg da Cooperação Transnacional Macaronésia (MAC), Carla Grijó considerou que se trata de um orçamento "ambicioso", com mais 50 milhões de euros do que o actual programa que está na sua fase final de implementação.

"E estas jornadas e encontros como este são importantes também para ir calibrando os interesses de Cabo Verde e dos restantes países terceiros", prosseguiu a mesma fonte, esperando que Cabo Verde esteja novamente "na linha da frente" entre os países a participar em maior número de projetos.

Para Carla Grijó, o programa é uma forma "muito concreta" de realizar o pilar da integração regional da parceira que a União Europeia tem com Cabo Verde desde 2007.

Para o novo programa que ainda está a ser finalizado, a embaixadora da União Europeia disse que as principais prioridades vão para a adaptação climática e transição energética, mas também para a transição digital.

"E Cabo Verde aí também está agora muito bem colocado", sublinhou, lembrando que na semana passada o arquipélago ligou-se ao cabo submarino de fibra ótica EllaLink, que interliga ainda a Europa à América Latina.

O cabo submarino EllaLink, com ligações em terra em Portugal continental (Sines), Marrocos, Madeira, Cabo Verde e Brasil (Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro), tem quatro pares de fibra ótica de última geração.

"Também coloca Cabo Verde numa situação estratégica relativamente a estes projetos na área digital e os nossos parceiros da Macaronésia terão isso em conta no desenho dos seus projetos", continuou a embaixadora, indicando ainda a água como outra área de interesse.

O evento foi presidido pelo secretário de Estado das Finanças de Cabo Verde, Alcindo Mota, que destacou o número de projetos com participação de instituições cabo-verdianas, considerando que isso demonstra o interesse das autoridades, do sector empresarial e da sociedade civil na cooperação com Açores, Madeira e Canárias.

O membro do Governo cabo-verdiano disse também que o programa tem permitido a integração regional, que é um dos seis pilares da parceira entre o arquipélago e a União Europeia.

Gerido actualmente pelas ilhas Canárias, o programa Interreg MAC é o principal instrumento com o qual Madeira, Açores e Canárias, enquanto Regiões Ultraperiferias da União Europeia, contam para dar resposta aos desafios comuns que enfrentam, juntamente com os países terceiros, em matéria de inovação, competitividade, internacionalização, desenvolvimento sustentável e eficiência na administração pública.