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Governo Regional cria 'voucher' para incentivar retoma do turismo em São Jorge

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O Governo dos Açores vai atribuir um voucher de 35 euros aos turistas que visitem a ilha de São Jorge, para fazer face aos impactos económicos da crise sismovulcânica, até um montante máximo de 330 mil euros.

O regulamento do voucher "Welcome to São Jorge" foi hoje publicado em Jornal Oficial, depois de ter sido aprovado em Conselho de Governo na passada quinta-feira.

Segundo a resolução do Conselho de Governo, é "um incentivo financeiro à dinamização da economia local, como forma de atenuar o impacto decorrente da crise sismovulcânica na ilha de São Jorge, utilizável, exclusivamente, na aquisição de bens ou serviços em atividades relacionadas com o setor turístico".

O voucher começa a ser atribuído "cinco dias úteis" após a publicação da resolução, vigorando até ser atingido o montante global destinado a esta medida.

No entanto, o Governo regional tem prevista uma "reavaliação trimestral" para determinar a sua "continuidade ou cessação".

"O montante global máximo do apoio para realização da despesa com o voucher 'Welcome to São Jorge' é fixado em 330 mil euros", lê-se no regulamento do incentivo.

Cada voucher tem um valor de 35 euros e é destinado a "todos os visitantes não residentes na ilha de São Jorge, com idade igual ou superior a 12 anos", que apresentem "comprovativo de viagem e de reserva de alojamento de qualquer empreendimento turístico" na ilha e preencham um formulário.

O incentivo pode ser utilizado, num prazo de 15 dias a contar da viagem, na aquisição de bens e serviços na ilha, em estabelecimentos aderentes nas áreas de alojamento, transporte terrestre de passageiros, restauração e bebidas, aluguer de equipamento de transporte, aluguer de bens recreativos e desportivos, agências de viagens, recreação e lazer e outros serviços de turismo.

O executivo açoriano justifica esta medida com as "repercussões sociais e económicas" provocadas pela crise sismovulcânica na ilha de São Jorge, que decorre desde 19 de março.

"Com o prolongamento desta situação, o impacto sobre a economia local tem vindo a agravar-se, em virtude das perdas verificadas, sobretudo ao nível do turismo e do comércio, pondo em causa a sustentabilidade das pequenas e médias empresas", aponta a resolução do Conselho de Governo, acrescentando que as empresas, "fragilizadas por dois anos de pandemia, começavam a evidenciar sinais de recuperação".

Segundo o Governo Regional, o turismo é "um dos setores mais afetados cumulativamente pela pandemia, pelo conflito armado [na Ucrânia] e ainda pela crise sismovulcânica".

A criação do voucher visa, por isso, "aumentar os fluxos turísticos para a ilha de São Jorge, de forma a dinamizar a economia local e compensar as perdas decorrentes da situação sismovulcânica".

De acordo com dados do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), desde 19 de março foram registados mais de 32.300 sismos na ilha de São Jorge, dos quais 269 sentidos pela população.

A ilha mantém o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa "estado de repouso" e V6 "erupção em curso".

O sismo de maior magnitude (3,8 na escala de Richter) ocorreu no dia 29 de março, às 21:56.

De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), fortes (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

A escala de Mercalli Modificada mede os "graus de intensidade e respetiva descrição" e, quando há uma intensidade III, considerada fraca, o abalo é "sentido dentro de casa" e "os objetos pendentes baloiçam", sentindo-se uma "vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados", descreve-se no 'site' do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).