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Timor-Leste – 20 anos de independência

A maior riqueza de Timor-Leste não é o petróleo, o gás, o café ou a pesca, a maior riqueza de Timor-Leste é, certamente, a sua gente

Ramos-Horta

No passado dia 20 de maio, Timor-Leste comemorou os 20 anos de independência e o Dr. Ramos-Horta tomou posse, pela segunda vez, como Presidente da República.

Em 1996, juntamente com D. Ximenes Belo, recebeu o Prémio Nobel da Paz. Após a independência Ramos-Horta foi também Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ministro de Estado e da Defesa e Primeiro Ministro.

Resistência

Ramos-Horta foi a principal voz da resistência no exterior, denunciava as barbaridades que milhares de timorenses sofriam, tais como decapitações; assassinatos; violações; alguns enterrados ou queimados vivos; outros afogados no mar. O sofrimento dos timorenses foi inimaginável. O próprio irmão do Presidente, António Ramos-Horta foi assassinado pelos indonésios a 5-11-1995.

O novo país

Com forte apoio das Nações Unidas e de muitos países, tudo teve que ser reconstruído de início, as instituições estavam desfalcadas de meios humanos e materiais. Em 2014 voltei a trabalhar em Timor-Leste, Díli estava irreconhecível, já não se viam casas queimadas, novos edifícios surgiam e havia obras por toda a parte, o comércio fervilhava, o movimento automóvel tinha triplicado. As instituições e serviços públicos agora são dirigidos por quadros timorenses, ao contrário de 2001, quando lá fui pela primeira vez, em que predominavam os internacionais.

Desafios futuros

Um dos grandes objetivos do Governo, em 2014, era a descentralização de serviços para os distritos; nos concursos do interior era dada prioridade às empresas locais; as principais estradas e pontes estavam reparadas ou em obras; a maior parte das aldeias estava eletrificada. O Governo preocupava-se em incentivar a agricultura, o turismo e a indústria, para que o país não dependa apenas do petróleo. No entanto, ainda se viam povoações em situação precária e muitos jovens sem trabalho.

Os atuais governantes têm um grande desafio para com as novas gerações, pois, Timor-Leste muito evoluiu e muito tem a evoluir. É necessário que os sonhos não se fiquem apenas pelos sonhos. O país tem muitos recursos, mas a maior riqueza de Timor-Leste não é o petróleo, o gás, o café ou a pesca, a maior riqueza de Timor-Leste é, certamente, a sua gente.