Boa Noite

A Venezuela mudou em menos de um mês?

O País visitado, quase simultaneamente, por Rui Abreu e Paulo Cafôfo é como a cebola. Quem se fica pela casca, não deita lágrima

Boa noite!

A 1 de Maio, o director Regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu, fechou a deslocação à Venezuela com um almoço durante o qual 500 madeirenses lhe terão dado nota que o País, mesmo não tendo todos os problemas resolvidos, “apresenta sinais muito positivos”.

"A economia está a funcionar, deixou de haver escassez de produtos básicos, e nas prateleiras dos supermercados já se encontram todo o tipo de bens, a moeda estabilizou, os madeirenses que saíram da Venezuela em 2016 já começaram a regressar, e a comunidade está optimista e diz acreditar no país”, reportou então. E acreditamos que terá sido fiel ao que viu e ouviu.

Passados 10 dias, o secretário de Estado das Comunidades visita a Venezuela, conhece 25 instituições, marca presença em 32 iniciativas e assume por diversas vezes sentir um outro País, com muitos portugueses em situação vulnerável, confrontados com a pobreza e a solidão, com necessidade evidente de muito apoio social.

O balanço à viagem, feito hoje por Paulo Cafôfo, sem mesa farta, nem palmas a preceito, é eloquente: “Esta minha vinda aqui não foi para esconder nada, foi para valorizar a nossa comunidade e posso valorizar de duas formas: mostrando a capacidade empreendedora e mostrando a solidariedade com aqueles que não a têm”. 

A Venezuela não mudou muito entre 1 e 17 de Maio. Aliás, quem já lá foi, como nós, sabe que as diversas e contrastantes realidades coexistem. Basta mudar de roteiro e de bolha, de rua e até de colectividade. Quanto mais se descasca a cebola, mais lágrimas brotam. Mas como voltam todos lá em Outubro para inaugurar um Santuário que já terá custado 10 milhões de dólares, embora erguido a pulso pela comunidade nos últimos 14 anos, há sempre hipótese de descoberta efectiva de todas as dimensões da comunidade, feita também de gente lesada, não pela banca, mas pela ingratidão da vida.