A Guerra Mundo

Santos Silva diz que UE deve avançar com mecanismo comum de apoio a refugiados

Foto EPA/LUKASZ GAGULSKI
Foto EPA/LUKASZ GAGULSKI

O ministro dos Negócios Estrangeiros defende que é altura de a União Europeia avançar com um mecanismo comum de apoio aos refugiados e que a guerra na Ucrânia uniu os países da UE.

Em entrevista ao jornal Público, Augusto Santos Silva diz que alguns dos países que tradicionalmente tinham uma posição muito restritiva face ao acolhimento de refugiados, como a Polónia, a Hungria, a Eslováquia ou a República Checa "são hoje os países na linha da frente do acolhimento e estão a portar-se muito bem".

"Há alguns anos poder-se-ia dizer que isso era um problema de Malta, Itália ou de Espanha e que eles que se desunhem. Agora é um problema de todos", acrescentou.

Sobre a possibilidade de criação de um exército comum europeu, Santos Silva refere que é matéria "que toca no coração da soberania nacional" e que não deve haver precipitações.

"Participamos na cooperação estruturada e permanente e na força comum de reação rápida à escala europeia. Quando falamos de envolvimento de meios militares não é só para fazer a guerra", sublinhou.

Augusto Santos Silva considera ainda que a atitude da Rússia, ao avançar sobre a Ucrânia, contribuiu para uma UE mais unida.

O governante lamenta ainda a atitude do PCP ao votar contra a resolução do parlamento europeu para ceder meios à Ucrânia, que desde a semana passada está sob ataque russo, mas diz que esta posição não o surpreendeu: "A tradição do PCP em matéria de política externa está nos antípodas da minha".

Questionado pelo Público, adianta desconhecer se há oligarcas russos com contas em Portugal, sublinhando que essa é "uma atribuição não do Governo, mas do Banco de Portugal".

Sobre a dimensão do investimento militar em Portugal na sequência da guerra na Ucrânia, refere que o objetivo é "aproximarmo-nos de 2% do PIB em 2024".

"A despesa na defesa tem aumentado para cumprir esse plano. Quem não tinha era a Alemanha, que passou a dizer que 2% são agora o seu objetivo", afirmou.

Questionado sobre as consequências económicas da guerra e o facto de Bruxelas ter decidido manter a cláusula de escape das metas orçamentais, nomeadamente dos 3% do défice, em 2023 caso a guerra trave a economia, respondeu: "Esta guerra, como todas as guerras terá consequências económicas".

"As sanções que aprovámos têm consequências económicas. A Europa vai ter de reavaliar as medidas de política à luz deste novo facto", acrescenta.

Diz que desconhece previsões que apontem para uma recessão, mas que já estão a ser sentidas "pressões inflacionárias" e que "tudo dependerá das políticas económicas e financeiras do Banco Central Europeu".

"Uma coisa sei dizer: a austeridade não é solução. Na proposta do Orçamento do Estado que o futuro Governo vier a apresentar na AR, os compromissos que assumimos estarão lá. O cenário macroeconómico certamente será adaptado em função das circunstâncias", concluiu.