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Nuno Melo quer "o melhor do portismo" mas ter "marca própria"

Foto JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Foto JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo diz que, se for eleito, quer poder contar com "o melhor do portismo" mas ter a sua "marca própria", não querendo ser "herdeiro de nada".

"Eu tenho noção que foi com Paulo Portas que o partido foi por duas vezes ao Governo, elegeu mais de 20 deputados, que teve resultados incríveis", salientou, considerando que a liderança do antigo vice-primeiro-ministro constituiu um dos "ciclos mais felizes da vida do CDS".

Em entrevista à agência Lusa, a propósito do 29.º Congresso do CDS-PP, em 02 e 03 de abril, em Guimarães, Nuno Melo foi questionado sobre o facto de, na anterior reunião magna, ter admitido que o partido estava saturado do "portismo" e respondeu que, na altura, os centristas queriam "uma mudança", o que resultou na eleição de Francisco Rodrigues dos Santos como presidente.

No entanto, ressalvou, "um partido é uma realidade dinâmica que tem que ser capaz de trazer novas pessoas", e o candidato quer "o melhor do portismo, a par do melhor daquilo que não teve nada que ver com o portismo".

"Mas com uma marca própria, essa marca será minha, como é evidente", salientou, indicando que não tenciona "ser herdeiro de nada" mas "um construtor de futuro".

O eurodeputado referiu que tem falado com Paulo Portas e com o também ex-líder Manuel Monteiro e que tenciona ter ao seu lado "alguns dos melhores que o CDS hoje tem e renovar profundamente o CDS com homens e mulheres que estão disponíveis e que também terão a sua oportunidade".

Mas, acrescenta, ainda não fez convites "para um único lugar".

Quanto a um possível regresso ao partido dos ex-dirigentes Adolfo Mesquita Nunes e António Pires de Lima, que se desfiliaram em desacordo com a direção de Francisco Rodrigues dos Santos, Nuno Melo defendeu que "o CDS não tem como dispensar nenhum dos talentos com que sempre contou".

"É um exercício quase de falta de senso achar-se que quando um país reconhece, como reconhece, pessoas como o Adolfo Mesquita Nunes ou o António Pires de Lima, o CDS está bem com elas fora. Isto é tão irracional e tão absurdo", criticou.

O candidato quer que o CDS volte "a ser lido na sociedade como um partido de quadros com qualidade" nas mais diversas áreas, sejam militantes ou independentes e para a sua moção de estratégia global ("Tempo de Construir") criou grupo programáticos que vão continuar depois do congresso para produzir "boas propostas".

Nesses grupos, conta com várias figuras do partido associadas aos tempos de Paulo Portas na liderança do CDS-PP, como Pedro Mota Soares, Paulo Núncio, Cecília Meireles, Diogo Feio ou Nuno Magalhães, mas também com independentes, entre as quais o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Pestana, José Theotónio, ou a professora catedrática Isabel Freitas.

No que toca ao congresso, Nuno Melo apresenta-se "completamente disponível, livre e sem truques".

"Poderia ter feito muita coisa, podia ter pedido a várias pessoas que apresentassem várias moções para terem mais tempo falando e depois desistindo em catadupa, numa coisa cénica mas antiga que já se sabe como acaba, a favor da minha moção. Eu não faço nada disso", apontou.

Na entrevista à Lusa, o eurodeputado e líder distrital admitiu igualmente que, caso perca o congresso, "nunca mais" voltará a ser candidato à presidência do CDS-PP.

Nuno Melo, 56 anos, foi deputado e líder parlamentar do CDS-PP e é deputado ao Parlamento Europeu desde 2009.

O 29.ª Congresso do CDS-PP vai decorrer nos dias 02 e 03 de abril, em Guimarães (distrito de Braga).

Na reunião magna vai ser eleito o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido na sequência do resultado nas eleições legislativas de 30 de janeiro, o pior da sua história e que ditou a perda de representação no parlamento.

Além de Nuno Melo (que apresenta a moção de estratégia global "Tempo de Construir), são também candidatos à liderança do CDS (para um mandato de dois anos) os vogais da Comissão Política Nacional Miguel Mattos Chaves e Nuno Correia da Silva.