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Mais de 15% dos trabalhadores por conta própria em "dependência económica" em 2021

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Mais de 15% dos trabalhadores por conta própria tiveram um cliente que representou 75% ou mais do rendimento da sua atividade em 2021, o que é um indicador de "dependência económica", indica hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

"Do total de 687,3 mil trabalhadores por conta própria em 2021, 10,1% (69,2 mil) indicaram ter tido, nos últimos 12 meses, apenas um cliente, 3,7% (25,8 mil) tiveram entre dois a nove clientes, um dos quais dominante, e 1,3% (9,1 mil) tiveram 10 ou mais clientes, um dos quais dominante", refere o INE.

"Dito de outro modo, 15,1% (104,1 mil) dos trabalhadores por conta própria tiveram um cliente que representou 75% ou mais do rendimento da sua atividade (após deduzidos os impostos), um indicador de dependência económica", salienta.

Analisando estes resultados por sexo, observa-se que "são mais os homens que têm clientes com um peso determinante na sua atividade", uma vez que, entre estes, 10,4% tiveram apenas um cliente em 12 meses (9,6% no caso das mulheres) e 4,4% tiveram dois a nove clientes, um dos quais dominante (2,6% das mulheres).

Por setor de atividade, a existência de um só cliente "foi mais predominante no setor primário (36,0%), enquanto no setor terciário se observou ser mais comum ter 10 ou mais clientes, nenhum dos quais dominante (74,3%)".

De acordo com o INE, outra das medidas que concorrem para a análise do impacto dos clientes na atividade dos trabalhadores por conta própria prende-se com a determinação do horário de trabalho diário.

A este nível, os dados apurados apontam ainda que, do mesmo total de 687,3 mil trabalhadores por conta própria, 72,4% (497,8 mil) consideraram que determinam o seu horário de trabalho sem restrições.

Já 16,1% (110,9 mil) referiram que o seu horário é determinado por outra circunstância que não os seus clientes (por disposições legais, por exemplo) e 11,4% (78,6 mil) afirmaram que são os clientes quem estabelece o seu horário de trabalho, o que o INE diz ser "um indicador de dependência organizacional".

Segundo refere o INE, as duas medidas analisadas - dependência económica (um só cliente ou existência de um cliente dominante) e organizacional (clientes que determinam o horário de trabalho) - concorrem para o indicador de 'trabalho por conta própria economicamente dependente', que corresponde ao número de trabalhadores por conta própria economicamente dependentes de um só cliente ou de um cliente dominante, sendo esse cliente a determinar o horário de trabalho diário.

Em 2021, este indicador abrangeu 18,6 mil pessoas, o que correspondeu a 0,4% da população empregada total e a 2,7% dos trabalhadores por conta própria.

O INE nota que a dependência económica é mais frequente nos homens (16,7%) do que nas mulheres (12,5%), nos jovens dos 16 aos 34 anos (30,5%), nos indivíduos que completaram o ensino superior (20,7%) e nos que trabalham no setor da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (47,0%).

Por outro lado, a dependência organizacional é mais comum nas mulheres (13,2%) do que nos homens (10,4%), nos jovens (15,3%) e nos trabalhadores dos serviços (14,1%), não se observando diferenças dignas de registo por nível de escolaridade.