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Sonae investiu 474 milhões de euros e contratou 754 trabalhadores em 2021

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A presidente executiva da Sonae afirmou hoje que 2021 foi "um ano duro", em que só com "maior engenho" não faltaram "produtos nas prateleiras" e em que a empresa investiu 474 milhões de euros e recrutou 754 trabalhadores.

"2021 foi um ano duro. Em 2020 achávamos que a pandemia, eventualmente, só ia durar um ano, mas vivemos um pouco ao sabor das vagas, e 2021 foi, de longe, o pior", afirmou a CEO durante a apresentação de contas da Sonae, que decorreu hoje na Maia, no distrito do Porto.

Cláudia Azevedo enfatizou que os constrangimentos adicionais que resultaram do cenário pandémico, nomeadamente o aumento dos custos e as dificuldades de abastecimento, "nada afetaram" o normal funcionamento das lojas e insígnias do grupo.

"Conseguimos ter os produtos nas nossas prateleiras e ninguém sentiu falta de nenhum produto, mas tivemos que o fazer com mais criatividade, mais engenho e mais trabalho", afirmou.

"Comprámos em sítios diferentes, comprámos coisas diferentes, criámos marcas diferentes, mostrámos que os nossos modelos de negócio tanto funcionam com pandemia ou sem pandemia", acrescentou.

Cláudia Azevedo destacou o investimento de 474 milhões de euros (incluindo 195 milhões de euros em aquisições) feito no ano passado, dos quais 360 milhões em Portugal, e o reforço da solidez financeira do grupo, com a diminuição da dívida para cerca de metade, para 563 milhões de euros, e a subida da liquidez disponível para cerca de 1.400 milhões de euros.

A presidente da Sonae apontou ainda os 754 novos colaboradores recrutados "num ano difícil, com lojas fechadas boa parte do ano", elevando para 47 mil o total de trabalhadores do grupo.

Relativamente à exposição da Sonae aos mercados russo e ucraniano, Cláudia Azevedo referiu que é reduzida: "Não temos lojas na Ucrânia e muito pouco negócio na Rússia, e acabámos com ele", disse, precisando: "Na Rússia tínhamos uma pequena filial, que já estamos a tentar fechar, de roupa para miúdos e tínhamos alguns contratos de roupa para criança com distribuidores lá, mas é pouco significativo".

Em 2021, o lucro da Sonae atingiu 268 milhões de euros, contra 71 milhões de euros em 2020, sendo "o valor mais elevado dos últimos oito anos", divulgou hoje o grupo dono da cadeia de hipermercados Continente.

O resultado líquido quase quadruplicou face aos 71 milhões de euros de 2020.

"Face ao crescimento dos negócios e ao sucesso da gestão ativa de portefólio, o resultado líquido da Sonae (atribuível a acionistas) atingiu 268 milhões de euros, ficando acima dos valores de 2020 e 2019 e sendo o valor mais elevado dos últimos oito anos", referiu a Sonae num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No período em análise, o volume de negócios aumentou 5,3% e "atingiu recorde superior a sete mil milhões de euros", tendo as vendas 'online' agregadas subido 33%, para 640 milhões de euros.

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) cresceu 18,4% para 738 milhões de euros e o EBITDA subjacente evoluiu 4,5% para 603 milhões de euros.

No final de 2021, o NAV (valor líquido do portefólio) da Sonae ascendeu a 4.000 milhões de euros, 1,2% acima do valor no final do trimestre anterior e 4,5% acima do valor no final de 2020, refletindo "o desempenho operacional de cada unidade de negócio, bem como a atividade de gestão de portefólio ao longo dos últimos 12 meses".

Por unidades de negócio, a MC (Modelo Continente) aumentou volume de negócios em 6,3% em termos homólogos, com um crescimento LFL (comparável, do inglês 'like-for-like') de 3,4%, para 5.362 milhões de euros, "sustentado quer pelos formatos alimentares, quer pelos não alimentares, incluindo o negócio 'online', tendo o EBITDA subjacente melhorado 5,0% para 537 milhões de euros.

Já a Worten apresentou um crescimento LFL de 8,8%, "impulsionado pelas operações em Portugal e Espanha e em todos os canais", com o volume de negócios a atingir 1.175 milhões de euros. "As vendas 'online' foram o principal fator de crescimento, registando um desempenho extraordinário de mais de 200 milhões de euros, um crescimento de quase 3x em dois anos e com um peso de 17,5% no volume de negócios", salienta a Sonae.

No que respeita à Sierra, e num contexto em que os centros comerciais continuaram a ser afetados pelo contexto pandémico, apresentou um lucro de 15 milhões de euros (-42 milhões de euros em 2020) e registou uma valorização de ativos para 925 milhões de euros.

No negócio da moda, 2021 "ainda foi um ano com um impacto relevante da pandemia", tendo a Zeitreel obtido, ainda assim, um volume de negócios total de 345 milhões de euros, "ligeiramente acima" do valor de 2020 e com "um contributo especialmente positivo dos negócios internacionais B2B ('wholesale' e 'franchising'), que apresentaram um forte crescimento e demonstraram desenvolvimentos relevantes em todas as marcas".

Em termos de rentabilidade, a Zeitreel registou um EBITDA subjacente de 27 milhões de euros, um aumento de 14 milhões face a 2020.

Nas telecomunicações, o volume de negócios da NOS aumentou 4,6% em termos homólogos, para 1.400 milhões de euros, o EBITDA atingiu 618 milhões de euros (mais 2,5%) e o resultado líquido foi de 144 milhões de euros, 57% acima do ano anterior.

Nos serviços financeiros, o volume de negócios do Universo finalizou o ano com um volume de negócios de 31 milhões de euros e um amento da produção de 10%, para mil milhões de euros.

Tendo em consideração o resultado líquido do exercício de 2021, o Conselho de Administração da Sonae irá propor à assembleia-geral anual de acionistas o pagamento de um dividendo de 5,11 cêntimos por ação, um aumento de 5% face a 2020.