A Guerra Mundo

Assembleia-geral da ONU inicia sessão especial

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Foto EPA

A Assembleia-geral da ONU iniciou hoje uma sessão especial sobre a Ucrânia, um tipo de reunião muito pouco habitual, na sequência dos apelos dos principais dirigentes da organização multilateral para um cessar-fogo imediato.

Trata-se da décima primeira sessão especial de emergência que a Assembleia-geral realiza na sua história e a convocatória foi pedida no domingo pelo Conselho de Segurança da ONU, em resposta ao veto por parte da Rússia (um dos cinco membros permanentes do conselho) de uma resolução de condenação ao conflito em curso na Ucrânia.

Durante a assembleia, onde não há poder de veto, os 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) discutirão a situação na Ucrânia e uma resolução sobre o assunto, que se espera que seja votada nos próximos dias, provavelmente na quarta-feira, segundo fontes diplomáticas.

O texto que está a ser trabalhado, que não tem caráter vinculativo, condenará a invasão por parte da Rússia e exigirá a retirada das suas tropas.

O presidente da 76.ª sessão da Assembleia-Geral, Abdulla Shahid, abriu a reunião sublinhando que a ofensiva militar russa é "uma violação da integridade e da soberania da Ucrânia, inconsistente com a Carta das Nações Unidas".

"Hoje, renovo o meu apelo para um cessar-fogo imediato, a todas as partes para terem a máxima moderação e para um regresso completo à diplomacia e ao diálogo", disse Shahid.

"A Assembleia-geral com os seus 193 Estados-membros representa a consciência coletiva da Humanidade. A força desta assembleia está na sua autoridade moral. Demonstremos o valor moral e usemos o debate de hoje não para alimentar a retórica de guerra, mas para dar uma oportunidade à paz", acrescentou.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também tomou a palavra para pedir que parem imediatamente as hostilidades e para advertir que os mísseis e bombardeamentos russos estão a fazer vítimas civis.

Guterres advertiu ainda que a guerra pode converter-se facilmente "na pior crise humanitária e de refugiados na Europa em décadas".

O ex-primeiro-ministro português referiu-se ainda à decisão do Kremlin de pôr em alerta as forças de dissuasão nuclear e frisou que "a simples ideia" de um conflito nuclear "é inconcebível".

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev.

A ONU deu conta de mais de 100.000 deslocados e quase 500.000 refugiados na Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.