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Lula deseja um Natal de reconciliação depois das eleições polarizadas

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O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje esperar que o Natal deste ano sirva para promover a reconciliação entre as famílias e no próprio país, depois das eleições presidenciais polarizadas que ganhou em outubro.

"Desejo que o Natal seja um Natal de reconciliação entre as famílias e de reconciliação entre o Brasil e ele próprio", disse, numa mensagem de Natal publicada na sua conta do Twitter, o líder progressista, que tomará posse no dia 01 de janeiro para o seu terceiro mandato como Chefe de Estado do Brasil.

O líder e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), de esquerda, disse estar triste por saber que muitas famílias brasileiras não estarão juntas para celebrar o Natal "porque ficaram divididas pelo ódio político que pôs os pais contra os filhos e os irmãos contra os irmãos".

As eleições presidenciais de outubro, nas quais Lula venceu a segunda volta por menos de dois pontos percentuais sobre o atual presidente, o líder de extrema-direita Jair Bolsonaro, foram as mais polarizadas das últimas décadas no Brasil, dividindo o país em dois e gerando radicalização e mesmo violência.

Mesmo dois meses após as eleições, grupos mais radicais de apoiantes de Bolsonaro não reconhecem a vitória do líder progressista e estão acampados em frente a quartéis em todo o país, para pedir aos militares um golpe de Estado que impeça a tomada de posse de Lula.

O presidente eleito, na mensagem de "Feliz Natal" e reconciliação dirigida aos 215 milhões de brasileiros, disse estar igualmente triste por muitas famílias não poderem celebrar por terem fome, estarem desempregadas ou sofrerem com a inflação ou com dívidas.

"Sei também que este é um momento particularmente triste para centenas de milhares de famílias que perderam os seus entes queridos devido às inundações e para tantas outras que perderam tudo devido às fortes chuvas que afetaram vários estados", acrescentou.

Mas deixou claro que a sua mensagem de Natal é para transmitir esperança, tanto a esperança que permite a todos avançar apesar dos obstáculos, como a esperança que a maioria dos eleitores brasileiros depositou nas urnas em outubro.

"Vou trabalhar mais do que trabalhei em governos anteriores para tornar o Natal melhor no próximo ano para todos, especialmente para aqueles que mais precisam", disse o líder progressista, que já governou o Brasil por dois mandatos entre 2003 e 2010.

"Que este Natal, apesar das dificuldades, marque o início da reconstrução do Brasil e que possamos reconstruir, dentro de cada um de nós, o espírito de união, fraternidade, paz, amor e esperança", acrescentou.

Hoje, o comandante do exército do Brasil, general Marco Antonio Freire Gomes, destacou o compromisso das forças militares para com a Constituição em resposta a essas pressões, numa mensagem de final de ano também enviada pelo Twitter a todos os soldados, na qual deixou claro que a instituição continua unida.

Freire Gomes afirmou que 2022 "foi um ano intenso" para o exército, mas que os militares permaneceram "treinados e prontos, com nosso Braço Forte, para cumprir todas as missões constitucionais".

Uma sondagem divulgada na quinta-feira, indica que 75% dos brasileiros reprovam as manifestações golpistas dos bolsonaristas e 56% aprova a aplicação de sanções a estes manifestantes.