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O volte-face

Nos matriculados no ensino superior, em 1978, a diferença entre homens e mulheres era de 13.406, com vantagem para os primeiros. Em 1986, tudo mudou e não mais voltou para trás. Passaram elas para a frente com mais 1.232 a estudar. Hoje, em 2022, o desequilíbrio tornou-se muito maior a favor das alunas atingindo os 34.000 para um total conjunto de 433.217 estudantes universitários.

Desde há 3 décadas são mais as licenciadas do que os licenciados e, de há uns 10 anos para cá, o número de doutoradas é superior ao dos doutorados.

Na área da saúde aumenta cada vez mais o número de pessoas do sexo feminino. Em medicina a mudança só foi alcançada em 2010, mas em 2021, passados 11 anos, entre os 58.735 médicos a disparidade era já de 8.000 para o lado das senhoras doutoras. Os números são reveladores.

No segmento das ciências exactas, engenharias e tecnológicas as raparigas ficam abaixo, mas o panorama deve mudar a curto prazo já que Portugal, tem pouco tempo, era o país da OCDE com maior número de educandas a estudar ciências, matemática e computação. Alcançando os 57%. É o dobro do Japão, quem diria, e tem mais que a Noruega, Dinamarca, Alemanha e Finlândia.

A evolução do segmento feminino ocorre fruto da democracia, da mudança de mentalidades e da quebra de tabus preconceituosos em relação à mulher. Mas não só. Desde cedo evidenciam melhor desempenho escolar do que os rapazes. Abandonam e chumbam menos, estudam mais e têm notas mais altas. E a reviravolta aconteceu. Sem que se reflita cabalmente na sociedade. Mas, mais cedo que tarde, vai acontecer. Trata-se de uma inevitabilidade.