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Paulo Rangel diz que Governo está atolado em casos e tem fragilidades muito sérias

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O primeiro vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, afirmou hoje que o Governo "está atolado em casos" e tem "fragilidades muito sérias" numa altura de crise económico-social em que precisava de "capacidade ética" e "autoridade para se impor".

"Num momento de crise económico-social, em que nós mais precisávamos de um Governo com capacidade ética e autoridade para se impor, aquilo que nós encontramos é um Governo que está atolado em casos", afirmou o também eurodeputado, que falava em Vila Real onde o PSD deu hoje início à iniciativa "Construir a Alternativa".

E, segundo Paulo Rangel depois dos casos dos fundos europeus e dos "conflitos de interesses", agora "até mesmo no núcleo mais duro do Governo há fragilidades muito sérias, seja o respeito pela independência do Banco de Portugal seja o secretário de Estado que tem a coordenação política do Governo estar exposto a uma situação como aquela que se viu com o conhecimento prévio do primeiro-ministro".

O social-democrata referia-se aos casos de Miguel Alves, que se demitiu do cargo de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro depois de ter sido acusado pelo Ministério Público (MP) do crime prevaricação no âmbito de uma certidão extraída da Operação Teia por atos cometidos quando era presidente da Câmara de Caminha, e também à acusação por parte do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, de uma alegada interferência por parte de António Costa para "manter intocável Isabel dos Santos".

"É absolutamente inaceitável o que se passou com este secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, é uma situação totalmente escusada e que o primeiro-ministro tem responsabilidade porque tinha conhecimento de muitas das circunstâncias que fragilizavam uma figura que é um pivô em qualquer Governo (...) Vemos que há outras investigações em curso e vemos que há esta suspeita grave do Banco de Portugal", afirmou Paulo Rangel.

E, para o eurodeputado, a situação relativa ao Banco de Portugal é "extremamente grave", pelo que defendeu que são precisas explicações por parte do primeiro-ministro.

"Não basta vir queixar-se para as televisões, tem de explicar exatamente se fez isto ou não fez e em que medida", frisou considerando que "do ponto de vista do regular funcionamento das instituições democráticas é uma coisa muito maligna, muito negativa".

A direção do PSD está a promover a iniciativa "Construir a Alternativa" para debater com os militantes sociais-democratas, em todos os distritos, "as falhas" da proposta do Governo de Orçamento do Estado para o próximo ano e apresentar propostas alternativas.

Paulo Rangel afirmou que "este orçamento não responde às necessidades do país num momento de crise grave", salientando que "tem um esforço fiscal absolutamente asfixiante para as empresas e as famílias num momento em que a inflação é preocupante e atingiu os 10,1% (em outubro).

"O que nós vemos é um orçamento que não tem nenhum ímpeto reformista", frisou.

O primeiro vice-presidente do PSD destacou duas prioridades contidas nas propostas apresentadas pelos sociais-democratas para o Orçamento do Estado para 2023, nomeadamente a saúde e a habitação.

Na área da saúde apontou a questão dos médicos de família, que diz estarem em regressão, o funcionamento dos hospitais e o fecho sistemático de urgência, bem como a "situação calamitosa da obstetrícia".

Relativamente à habitação destacou o aumento das taxas de juro que vai colocar "as famílias numa situação de stress brutal", bem como a falta de alojamento estudantil.

"O custo de energia, o custo dos bens alimentares e se a isso somarmos uma subida dos empréstimos, uma vez que grande parte das famílias portuguesas tem empréstimo para a compra da sua casa, isto obviamente que é uma mistura explosiva do ponto de vista social. Nós temos medidas para compensar a subida das taxas de juro", referiu.