Madeira

Empresas da Madeira aumentaram actividades de inovação, mas ainda abaixo da média

No triénio 2018-2020 totalizaram-se 42,6% de empresas a inovar, mas a RAM foi a que tem menor percentagem

Foto Shutterstock
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No período de três anos (2018 a 2020), um total de "42,6% empresas com sede na RAM com 10 ou mais pessoas ao serviço tiveram algum tipo de actividade de inovação (33,5% no triénio anterior)", um aumento de 9,1 pontos percentuais, actividade essa "geradora de despesa, sejam de inovação de produto ou de processo, actividades em curso até ao final de 2020, actividades de inovação abandonadas ou suspensas, ou actividades de investigação e desenvolvimento (I&D) desenvolvidas internamente, de forma continuada ou ocasionalmente, ou contratação de I&D a outras empresas (incluindo do seu grupo) ou a organizações de investigação públicas ou privadas", aponta a Direcção Regional de Estatística.

Apesar dessa evolução positiva, continua a ter uma percentagem "inferior à do País (48,0%), sendo que "por região NUTS II, a Área Metropolitana de Lisboa (52,2%) e o Centro (51,1%) foram as regiões que apresentaram a maior proporção de empresas inovadoras e as únicas que superam o valor registado para o País (48,0%), com o Algarve (43,5%) e as Regiões Autónomas dos Açores (43,7%) e da Madeira (42,6%) a surgirem no polo oposto", confirma a DREM que as empresas madeirenses são as menos inovadoras do país.

"Estas mesmas (Lisboa e Centro) regiões foram também as que observaram os aumentos mais elevados relativamente ao triénio anterior (+17,9 p.p. e +16,4 p.p.), juntamente com a Região Autónoma dos Açores (+19,4 p.p.). De realçar ainda que todas as regiões apresentaram acréscimos na percentagem de empresas inovadoras". Contudo, a evolução na RAM foi a menos acentuada.

Mais inovação no processo em detrimento do produto

"No triénio 2018-2020, 21,9% das empresas com sede na RAM desenvolveram inovação de produto (ou seja, um bem ou serviço novo ou melhorado, que difere significativamente dos bens ou serviços anteriores da empresa e que foi implementado no mercado), registando um decréscimo de 4,2 p.p. face ao período anterior (26,1%). No País, este indicador situou-se nos 22,3% (23,0% em 2016-2018)", faz notar uma diminuição tão acentuada, que ficou abaixo da média nacional. 

Já "a proporção de empresas que introduziu inovação de processo (processo de negócio novo ou melhorado para uma ou mais funções de negócio, que difere significativamente dos processos anteriores da empresa e que foi implementado na empresa) subiu para 40,3% (+9,7 p.p que em 2016-2018). A nível nacional esta percentagem fixou-se nos 42,7% (+14,7 p.p. que em 2016-2018)".

Inverteu-se, assim, o cenário de equilíbrio anterior e afastando os dois indicadores, antes mais próximos um do outro (26,1% no produto e 30,6% no processo). Confirma a DREM, que tem uma possível justificação: "A expressão dos valores e da evolução das duas variáveis atrás mencionadas indicam que a ampliação das actividades de inovação operada pelas empresas da RAM foi devida sobretudo à inovação de processo, havendo, por conseguinte, fortes indícios que tal situação esteja associada, em larga medida, aos efeitos da pandemia covid-19, designadamente à adaptação de processos e procedimentos relacionados com a adopção do teletrabalho e a contactos não presenciais (vendas online, por exemplo) para assegurar às empresas a continuidade de negócio."

"Na RAM, entre 2018 e 2020, 17,9% das empresas introduziram no mercado bens novos ou melhorados e 19,5% das empresas introduziram serviços novos ou melhorados, significando, face ao triénio anterior, diminuições de 2,8 p.p. nos bens novos ou melhorados e de 2,6 p.p. nos serviços novos ou melhorados", ainda que apesar das reduções na RAM, "as médias nacionais (17,7% e 18,2%, respectivamente) foram superadas". Contudo, "em termos de evolução em relação ao período anterior, a situação foi mais favorável para o País, registando uma diminuição de apenas -0,9 p.p. nos bens novos ou melhorados e um aumento de 0,5 p.p. nos serviços novos e melhorados".

Também no último ano desse período, em 2020, "6,8% do volume de negócios das empresas da RAM resultou da introdução de produtos novos ou melhorados no mercado e/ou na empresa, com 4,8% a dizer respeito à introdução de produtos novos para a empresa e 1,9% da introdução de produtos novos para o mercado, correspondendo a valores muito próximos dos observados em 2018", sendo que "estas percentagens foram inferiores às registadas no País (13,8%, 9,5% e 4,3%, pela mesma ordem), que observou valores acima de 2018 (11,2%, 7,0% e 4,2%)".

Menos atentas ao ambiente

No triénio 2018-2020, "20,5% das empresas madeirenses introduziram inovações com algum tipo de benefício ambiental, independentemente do grau de contribuição para a protecção ambiental, 19,0% com benefícios ambientais obtidos dentro da empresa e 18,1% com benefícios obtidos durante o consumo ou uso dos bens ou serviços pelo utilizador final. No País, aquelas percentagens foram de 23,9%, 22,3% e 19,4%, pela mesma ordem", refere a DRE.

Nesses três anos, afiança, "as maiores percentagens de empresas da RAM que introduziram inovações com benefícios ambientais significativos, obtidos dentro da empresa, verificaram-se na reciclagem de lixo, água ou materiais para consumo próprio ou venda (i.e. a redução de emissão de CO2), com 11,5% (12,3% no País), seguindo-se a substituição de parte dos materiais por outros menos poluentes/perigosos, com 10,3% (8,2% a nível nacional), e da redução do uso de energia ou da pegada de CO2, com 10,0% (7,7% no País)", esses últimos indicadores aportando algum ponto positivo às empresas regionais.

Por fim, refere, em 2020, "a despesa total com atividades de inovação realizada pelas empresas da RAM fixou-se nos 22,8 milhões de euros, o que representava 0,8% do total apurado para Portugal (2.735,8 milhões de euros)", sendo que "daquele montante, 47,7% correspondiam a outras despesas de inovação (10,9 milhões de euros), 41,8% a despesas com I&D intramuros (9,5 milhões de euros) e 10,6% a despesas com actividades de I&D extramuros (2,4 milhões de euros)" e "comparativamente a 2018, registou-se uma diminuição de 4,1 milhões de euros na despesa total com actividades de inovação (-15,2%)", embora se denote que "o aumento da despesa com I&D intramuros de 13,1% (+1,1 milhões de euros) não foi suficiente para compensar as diminuições verificas nas despesas com I&D extramuros (-4,4 milhões de euros; -64,7%)".