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A mediocridade

Já que estamos a falar de medíocres ou de mediocridade, lembrei-me de algumas situações, que deixo à vossa consideração

Estava a ler um texto de António Lobo Antunes, sobre a necessidade que a sociedade tem de medíocres, para que se perceba melhor o que vou abordar, vou citar uma passagem:

... “Por muito que doa, por muito que custe ouvir, por muito que custe a engolir, esta é uma triste realidade.

Emergem como cogumelos de onde menos se espera e quando menos se espera!

É só dar-lhes poder e... acontece!

A SOCIEDADE PRECISA DE MEDÍOCRES

A sociedade necessita de medíocres, que não ponham em questão os princípios fundamentais e eles aí estão: - Dirigem os países, as grandes empresas, os ministérios, etc...

Eu oiço-os falar e pasmo não haver praticamente um único líder que não seja pateta, um único discurso que não seja um rol de lugares comuns.

Reparem por exemplo, em Churchill. Quando tudo estava normal, pacífico, calmo, não o quiseram como governante.

Nas situações extremas, quando era necessário um homem corajoso, lúcido, clarividente, imaginativo, foram a correr buscá-lo.

Os homens excepcionais servem apenas para situações excepcionais, pois são os únicos capazes de as resolverem...”, citei!

Pode-se até discordar de algum ponto, mas, penso que não haverá ninguém que fique indiferente. Eu revejo-me nisto. Lamento, mas tenho de concordar com alguns pontos.

O texto que reproduzi acima, uma parte, que já não transcrevi, abordava também - o futebol - aí lembrei-me do meu Marítimo, sou o sócio número oito (já cumpri 70 anos de sócio), mas, mudemos de assunto... porque emocionalmente, não tenho condições para o analisar de forma racional...!

Já que estamos a falar de medíocres ou de mediocridade, lembrei-me de algumas situações, que deixo à vossa consideração:

- O ex-líder do PSD e da Oposição, perde as eleições e não se vai embora em tempo útil, marca um prazo que lhe convém e fica uns meses a fazer sabe-se lá o quê.

- A Ministra da Saúde demite-se ou é demitida e o Primeiro-ministro diz, que não há pressa para a substituir. Eu pergunto, será que é mesmo preciso Ministro?

- O Ministro das Finanças contratou um assessor, parece que para “pagamento de favores”, a coisa correu mal, deu muito nas vistas e o homem amuado, afinal, já não contrata outro. Era mesmo necessário? Ou afinal, era mesmo o que pareceu?

- A mediocridade não tem fronteiras e estende-se à Europa.

Vejamos, vou citar uma notícia da Renascença: -…”Eduardo Cabrita é o único candidato português ao cargo de Director Executivo da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (FRONTEX), e segundo fonte próxima do processo, o ex-Ministro da Administração Interna tem fortes hipóteses de ficar à frente do cargo entre cerca de 80 candidatos”…

Convenhamos, com o caso das “golas”, com a morte do cidadão ucraniano às mãos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e com o atropelamento mortal do trabalhador na autoestrada, pelo carro do Ministro em que ele “apenas” era passageiro, temos de admitir que o currículo é de peso, além disso o país fica bem representado e a Europa “ganha” um valor seguro… Diria que é mesmo um motivo de orgulho nacional e se fosse eu a escolher não queria outro…

Além dos medíocres e daqueles poucos, válidos, que felizmente arriscam, temos algumas individualidades brilhantes, mas, que não estão disponíveis para abraçar a causa pública. Pudera! Só se fosse para perder credibilidade e prestígio, além de dinheiro.

Falando de individualidades brilhantes, lembrei-me do Presidente da República, que já o foi, hoje e com muita tristeza tenho que reconhecer que até Marcelo escolheu a mediocridade. O que não deixa de ser uma pena!

Para político profissional, não é necessário habilitações, provas, exames, equivalências, por vezes é mais fácil chegar a Ministro (se necessário, com currículo falsificado ou mesmo com exames ao Domingo), que a escriturário de 3.ª, numa repartição ou a técnico de frio, com a certificação de gases fluorados, o que, sem dúvida ajuda a promover a mediocridade.

A prova de que a coisa está nivelada por baixo, é que a grande maioria dos políticos, ganha mais quando eleito, do que ganhava nas suas profissões anteriores e de raiz.

De vez em quando e devido ao aumento, diria que galopante, da Abstenção, alguns daqueles que temos vindo a falar, lembram-se de apontar a “votação obrigatória”..., nem me apetece fazer considerandos pessoais, acerca do tema; mas, não resisto a explicar o que se passa no “mundo real”! Vejamos, comparativamente com uma empresa:

- A perda de votantes corresponde, sem dúvida, a uma perda de clientes e que obrigaria a se debruçar de forma séria e objectiva sobre as razões, fazendo uma análise profunda com um diagnóstico muito preciso, tomada de medidas correctivas e assertivas, com uma estratégia acertada e um planeamento rigoroso, sob pena de falhando e não actuando com a urgência exigida a empresa entrar em insolvência e acabar por fechar. Simples! Não existe “o formato” de tornar a clientela obrigatória...!

Termino como bom madeirense, com uma “bilhardicezinha”:

- Um político nacional dos mais conhecidos e com mais responsabilidades, (deixo à vossa imaginação qual e de que partido), estava este Verão no Algarve, tranquilamente apanhando sol na praia, quando uma bela Senhora, que o reconheceu, se aproxima e pergunta:

- Olá, então o que é que o Senhor faz por aqui?

O “nosso” homem, machão e querendo mostrar que os políticos, também, podem ter veia poética, responde com ar conquistador:

- Roubando raios de sol...

A Mulher sorrindo e abanando a cabeça diz: - Ah!... Vocês políticos, mesmo de férias, estão sempre “trabalhando”...!

P.S. - A propósito de mediocridade, palpita-me, que em breve a TAP vai necessitar de uma injecção.

O problema é que sempre que eles injectam na TAP, mesmo sem querer, nós temos de “tomar” o respectivo supositório…

Para não perdermos muito tempo eu já desapertei as calças…!