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Protesto junta milhares de pessoas contra sanções ocidentais no Zimbábue

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Milhares de apoiantes da União Nacional Africana-Frente Patriótica do Zimbábue (ZANU_PF) saíram hoje às ruas, em diferentes cidades do país, para apelar ao levantamento das sanções impostas ao país pelo Ocidente.

Em 2019, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) - um bloco regional de 16 nações - designou o dia 25 de outubro como dia anti-sanções para demonstrar solidariedade para com o país.

"Este é um dia designado anualmente pela SADC para expressar a sua oposição e indignação contra as sanções ocidentais ilegais contra o Zimbábue até que estas sejam levantadas", disse hoje o Presidente de Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, numa declaração lida pelo seu vice-presidente, Constantino Chiwenga.

Chiwenga agradeceu o apoio demonstrado pela SADC, a União Africana (UA) e outras "forças progressistas", em referência à China e à Rússia, que há muito apoiam o levantamento das sanções e a luta dos anos 70 contra o Governo da minoria branca.

A União Europeia (UE) e os EUA impuseram sanções contra mais de 100 indivíduos e entidades do Zimbábue em 2002 e 2003, respetivamente, acusando-os de minar a democracia, violar os direitos humanos e encorajar a corrupção. Já o Reino Unido impôs medidas contra quatro indivíduos e a empresa estatal de munições, Zimbabwe Defence Industries (ZDI).

Depois de levantar algumas sanções, a UE mantém agora apenas um embargo de armas e um congelamento de bens contra a ZDI.

As sanções foram impostas quando o país foi governado pelo falecido presidente Robert Mugabe, na sequência de eleições parlamentares disputadas em 2000 e eleições presidenciais em 2002, ambas marcadas pela violência e por alegações de fraude.

Centenas de apoiantes pró-governamentais manifestaram-se pacificamente fora da embaixada dos EUA na capital, Harare, ao passo que outros marcharam pelas ruas da cidade de Bulawayo, com cartazes que instavam à remoção das medidas.

"A Rússia e o Zimbábue condenam unanimemente a prática perversa dos países ocidentais de utilizar sanções ilegítimas e unilaterais que violam a Carta das Nações Unidas", disse a embaixada russa no Twitter.

Em resposta às críticas, a embaixada dos EUA no país afirmou na mesma rede social que "o impacto direto das sanções é mínimo em comparação com a devastação económica causada por anos de corrupção, más decisões políticas e má gestão económica".

A embaixada do Reino Unido disse, numa declaração, que o comércio entre Londres e Harare atingiu 175 milhões de dólares (cerca de 177 milhões de euros) no ano passado e argumentou que o Governo britânico forneceu ao Zimbábue 114 milhões de dólares (cerca de 115,5 milhões de euros) de ajuda à educação e saúde neste 2022.

"Qualquer sugestão de que o Reino Unido queira prejudicar o Zimbábue ou os cidadãos do Zimbabué é simplesmente falsa", sublinhou.

Harare afirma que as sanções estão a prejudicar a sua economia, que sofre de uma inflação anual superior a 280%, elevadas taxas de pobreza e desemprego, e argumenta que está a procurar uma mudança de Governo.

Em setembro, vários líderes africanos apelaram ao levantamento das sanções na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque.