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Acordo com Líbano "elimina" hipótese de conflito entre Israel e Hezbollah

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Foto: EPA/ABIR SULTAN

O acordo entre Israel e Líbano sobre a delimitação das suas fronteiras marítimas "elimina" a possibilidade de um novo conflito armado entre o Hezbollah libanês e o Estado judeu, referiu esta quarta-feira o primeiro-ministro israelita, Yair Lapid.

"Este acordo elimina a possibilidade de confrontos armados com o Hezbollah. Israel não tem medo do Hezbollah (...) mas se é possível evitar uma guerra, é responsabilidade do Governo fazê-lo", referiu Lapid durante uma conferência de imprensa em Jerusalém.

O Governo israelita apoiou esta quarta-feira "por esmagadora maioria" os princípios do acordo negociado pelos Estados Unidos para delimitar a fronteira marítima de Israel com o Líbano, que pode remover obstáculos à exploração de campos de gás no Mediterrâneo oriental.

Segundo as autoridades, o projeto de acordo prevê que o campo 'offshore' de Karish esteja sob controlo israelita e que as reservas de Cana, localizadas mais a nordeste, sejam concedidas ao Líbano. No entanto, como parte desse depósito ultrapassa a futura linha de demarcação, o Estado judeu receberia uma parte da receita futura da exploração de Cana, segundo Israel.

"O campo Karish está no nosso território soberano e um ataque contra ele seria, desta forma, um ataque a Israel. E não hesitaremos nem por um segundo em usar a força para defender o nosso campo de gás", frisou Yair Lapid.

"Israel receberá aproximadamente 17% da receita do depósito de Cana/Sidon [o nome dado por Israel ao depósito de Cana] se e quando entrar em produção", acrescentou Lapid, que se encontra em campanha as eleições legislativas de 01 de novembro, que podem confirmar o regresso ao poder do seu rival Benjamin Netanyahu.

O ex-primeiro-ministro opôs-se fortemente ao acordo nos últimos dias, defendendo que o Estado judeu estava a ceder "território soberano" ao Líbano e, portanto, "capitulou" às ameaças do Hezbollah.

Em 2006, o último grande confronto entre Israel e o Hezbollah causou mais de 1.200 mortos no lado libanês, a maioria civis, e 160 do lado israelita, a maioria soldados.

Após vários conflitos, Israel e Líbano permanecem tecnicamente em estado de guerra e a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, na sigla em inglês) foi enviada para o sul daquele país, para ações de manutenção da paz entre as partes.