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Regime venezuelano quer saber identidade de promotores do referendo para depor Maduro

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O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) anunciou hoje que solicitará ao Conselho Nacional Eleitoral a lista das pessoas que assinem o pedido de um "referendo revogatório" do mandato do Presidente Nicolás Maduro.

"Nós, o PSUV, e neste caso particular, o Presidente da República (Nicolás Maduro) tem todo o direito de saber quem o está a revogar, quem está pedindo um revogatório do seu mandato", disse o vice-presidente do partido aos jornalistas.

Diosdado Cabello, que é tido como o segundo homem mais forte do chavismo, sublinhou ainda que "se eles têm o direito, se uma pessoa tem o direito de pedir a sua revogação, quem é objeto desse pedido, tem o direito de saber quem ela é".

"Nos reservamos todo o direito que temos, como organização política, de ir ao CNE pedir a lista das pessoas que estão a solicitar a revogação do Presidente. As regras do jogo são claras: se você pede um revogatório, não tem que andar escondido", explicou o político.

Diosdado Cabello frisou ainda que "isso é um facto, na democracia não deve haver nenhum tipo de coisas escondidas, pelo contrário, deve ser muito transparente".

Em 22 de janeiro último o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) definiu as regras para autorizar um referendo revogatório do Presidente Nicolás Maduro, que preveem, entre outras exigências, um prazo de 12 horas para recolher assinaturas de 20% dos eleitores.

Segundo o CNE "a receção das manifestações de vontades para o referendo revogatório se levará a cabo no próximo 26 de janeiro, no horário compreendido entre as 06:00 e as 18:00 horas (locais, mais quatro horas em Lisboa) em 1.200 centros habilitados em todo o país, de acordo com o peso eleitoral de cada entidade federal".

A recolha de assinaturas é promovida pelo Movimento Venezuelano pelo Revogatório, Todos Unidos pelo Referendo Revogatório, Direita Democrática e Movimento de Integridade Nacional (Min Unidade), organizações que dizem ser insuficiente o tempo e o número de centros disponibilizados pelo CNE.

Num comunicado o CNE explica que "ficou também estabelecido que o Registo Eleitoral que será utilizado para validar o processo será o mesmo aprovado e auditado para as eleições regionais e municipais de 21 de novembro de 2021, que consiste em 20.929.987 eleitores".

"Por outro lado, as manifestações de vontade vão ser contadas para cada uma das entidades do país, tendo em conta que, para cumprir o requisito de ativar o referendo revogatório presidencial, deverão alcançar 20% dos cadernos eleitorais em cada uma delas, tal como estabelecido pelo Supremo Tribunal de Justiça em 2016", explica aquele organismo.

Caso os promotores consigam as assinaturas dos 20% dos eleitores de cada região, "o CNE organizará então o referendo revogatório" e "em caso contrário, dará por finalizado" o processo, "ativando a previsão constitucional que estabelece que só poderá ser feita uma solicitude de revogação" durante cada mandato eleito.

Em 18 de janeiro último o CNE anunciou que tinha aprovado três pedidos para realização de um referendo revogatório do mandato do Presidente Nicolás Maduro, previsto na legislação, uma vez cumprido metade do atual mandato presidencial.

"O CNE aprovou três requerimentos para dar início ao procedimento para uma eventual ativação de um referendo revogatório do mandato do Presidente da República, Nicolás Maduro", anunciou o organismo eleitoral na sua conta do Twitter.

Segundo o CNE, os pedidos aprovados foram recebidos após o dia 10 de janeiro, data em que se cumpriu 50% do atual mandato do Presidente Maduro.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi eleito para um segundo mandato nas eleições presidenciais antecipadas de maio de 2018, para o período 2019-2025.

A Constituição da Venezuela estabelece que o Presidente assume as funções no dia 10 de janeiro do ano em que começa o respetivo mandato.