Lá ia eu estrada abaixo, deambulando pelo corredor... Estico o braço direito pelo ar acima da cabeça e agarrei-me (onde pude). Dou um passo, estico o braço esquerdo, volto a me agarrar. Dou mais um passo, equilibro-me e estico o outro braço pelo ar... parecia o filme do homem aranha, "voando" e mandando a sua teia aos edifícios ao lado, para se deslocar.

Após cerca de 2 anos, recorrendo a transporte pessoal (também para contribuir para menos pessoas dentro do autocarro e consequente propagação covid - leia-se: contribuir para o decréscimo de casos nos hospitais e no cemitério) - eis que, neste fim de pandemia, quando retomo a utilização dos transportes públicos, nada mudou!

Antes da pandemia fiz várias reclamações: email, telefone, até expus a situação no Diário e redes sociais. Os srs condutores continuam a colocar os passageiros em risco no arranque e a pôr o nome da empresa em causa. Volto a lembrar aos srs, que "há uma linha que separa a segurança do perigo"... essa linha (amarela, pelo que tenho tido tempo de ver), está ao vosso lado direito no chão! Quando um passageiro passa essa linha, os srs já não querem saber mais dele. Até pode fazer o resto da viagem deitado.

A próxima carta ou email, daqui a algumas semanas (se isto continuar -e até porque o carnaval foi cancelado-), vai para o Sindicato dos Motoristas, pois parece que estes srs, sentem-se "perseguidos" pela empresa, quando esta os chama a atenção! Foi-me dito na minha reclamação, ontem ao balcão.

Hoje, até não me apetecia levar casaco, mas pensei... isto para ser "homem aranha", com telemóvel e carteira nas mãos, etc... não vai dar jeito nenhum! Ainda bem que levei! Meti as "coisas" nos bolsos, meti a minha "máscara", entrei no autocarro e... pude (por mais um dia) fazer de conta que era um "super-herói". Durante a viagem, aterrou mesmo ao meu lado, outra "mulher aranha"... apenas dei um "sorriso amarelo", enquanto pensava: "esta senhora não trouxe casaco... e também já não tem idade para ser "mulher aranha".

Duarte Sousa Melim