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A quem serve a TAP?

São preços desonestamente exorbitantes, cobrados pela TAP na linha da Madeira

Lembro-me dos tempos áureos da TAP. Da pujança de uma companhia aérea da qual todos tinham orgulho em dizer que era de bandeira portuguesa. Da empresa nacional que voava regularmente para a Madeira, para o Porto Santo e para os países da nossa Diáspora, como a Venezuela ou a África do Sul.

Hoje, a TAP, apesar das injeções de capitais públicos de milhares de milhões de euros – apenas possíveis graças ao esforço dos contribuintes – não cumpre o simples propósito da sua existência: servir todas as parcelas do território português e servir a diáspora portuguesa.

De recuo em recuo, a TAP bateu em retirada do Porto Santo, abandonou a ligação com a África do Sul, e prometeu um único voo semanal para a Venezuela que é apenas virtual. Esta estratégia de abandono revela a falta de seriedade da TAP para com os contribuintes que a financiam. Também revela a política de desresponsabilização do Governo da República, que detendo a maioria do capital da TAP, tem o dever ético e moral de garantir que as operações para a ilha do Porto Santo e para os países da Diáspora sejam realizadas.

Temos ainda os preços desonestos! São 600€ ou 700€ para uma viagem de ida e volta Madeira-Lisboa. E 40€ para uma viagem de ida e volta de Lisboa para qualquer cidade europeia! São preços desonestamente exorbitantes, cobrados pela TAP na linha da Madeira, que jamais poderão entrar na categoria de serviço público. Então, para que serve a TAP? A quem serve a TAP?

Se o modelo não funciona, se a TAP não serve o propósito da sua existência, que se fechem as torneiras de capitais públicos e que se privatize a companhia já.

Sem ‘dinheiro a fundo perdido’, a TAP tornar-se-ia, com certeza, numa empresa eficiente: levantaria as dezenas de aviões, que neste momento estão em terra; rentabilizaria recursos; iria praticar preços competitivos e ajustados ao mercado; olharia para a rota do Porto Santo e para a ligação entre Portugal e os países da nossa Diáspora como oportunidades de negócio.

A manter-se o dinheiro a fundo perdido que os contribuintes portugueses pagam, que a TAP sirva séria e lealmente todos os portugueses: aqui e além-mar!