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ONU defende proibição de repatriamento forçado de afegãos

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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu hoje que seja proibido o repatriamento forçado de cidadãos afegãos ao seu país, incluindo àqueles que tiveram o pedido de asilo rejeitado.

"Após a rápida deterioração da situação de segurança e direitos humanos em grandes partes do país e a emergência humanitária em curso, o ACNUR apela aos Estados para que acabem com o repatriamento forçado de cidadãos afegãos que foi previamente determinado por estes não precisarem de proteção internacional", disse um dos porta-vozes da organização, Shabia Mantoo, numa conferência de imprensa em Genebra.

Num comunicado, a agência das Nações Unidas apela "à proibição do retorno forçado de cidadãos afegãos" e saúda as recentes medidas tomadas por vários Estados de suspender temporariamente as expulsões de requerentes de asilo rejeitados.

"Desde o início do ano, mais de 550.000 afegãos foram deslocados internamente devido ao conflito e pela insegurança. Até agora, os civis fugiram apenas esporadicamente e em pequenos números. Muitos para os países vizinhos do Afeganistão e a situação continua a evoluir rapidamente", observou Shabia Mantoo.

Depois de uma ofensiva relâmpago, o grupo extremista talibã tomou Cabul no domingo, assinando o seu retorno ao poder no Afeganistão, 20 anos depois de ser expulso.

O seu retorno causou cenas de pânico, especialmente no aeroporto de Cabul, para onde milhares de pessoas se dirigiram na tentativa de deixar o país.

A representação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apelou à comunidade internacional para dar todo o seu apoio aos afegãos que se encontram perante um "risco iminente" no seu país sob o novo regime talibã.

"O medo que tomou conta de grande parte da população é profundo e, dado o passado, bastante compreensível", disse o porta-voz Rupert Colville, que estava na mesma conferência de imprensa de Mantoo.

Colville disse que os talibãs prometeram uma amnistia geral para todos os funcionários do Estado e "prometeram ser inclusivos", permitindo que as mulheres trabalhem e as raparigas frequentem a escola.

"Essas promessas terão de ser honradas e, por enquanto (...) essas declarações foram recebidas com um certo ceticismo", disse Colville, apelando aos talibãs para que "demonstrem - com ações e não apenas com palavras - que os medos de tantas pessoas são levados em consideração".

A entrada das forças talibãs em Cabul, no domingo, pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal.

As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos talibãs na cidade de Cabul.

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.