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Finalmente a almejada independência

Sou apologista de que a união faz a força, por isso congratulo-me por este, embora estranho, entendimento entre PSD-M e PS-M para revisão da LFR (Lei das Finanças Regionais . Assim não é preciso a golpada que se verificou em 2007 quando Alberto J Jardim se demitiu em protesto pela mesma lei. Evitou-se mais uma palhaçada e menos despesa para os contribuintes com eleições antecipadas. É também louvável e satisfatório o entendimento sobre o Centro Internacional Negócios Madeira (CINM), pois só com estes entendimentos entre as forças políticas a Madeira fica a ganhar e os madeirenses saem beneficiados. Esta foi a parte boa, a parte má é que não acredito que este acordo entre Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo chegue a bom termo porque as politiquices irão interferir e tudo ficará nas boas intenções. O fidelíssimo parceiro de coligação, cds, irá amuar, os bairristas do psd-m irão encostar o presidente à parede os “reformados” do psd-m tentarão minar os acordos, o Calado irá interferir, não porque esteja contra a revisão da LFR nem contra o CINIM mas porque não enxerga acordos com o Cafôfo ou com o ps-m. Miguel Albuquerque será obrigado a “roer a corda” ao acordo e tudo ficará como dantes, ou seja, a Madeira ficará em segundo lugar porque as cores partidárias e o bairrismo exacerbado estarão sempre em primeiro.

Finalmente, teremos a nossa tão almejada independência; dois milhões duzentos e quarente quatro mil euros a cada madeirense e não se fala mais nisso. Brincadeira à parte; vem aí a tão cobiçada “bazuca” europeia que é como quem diz, o pote do mel que já começou a dar briga na ALM. Os privilegiados irão empanturrar-se, os políticos farão propaganda das obras que fizeram e das que ficaram por fazer, os gestores do mel irão lamber os dedos e terão muitos lapsos de memória e o povo, esse, ficará com uma fatura para pagar durante muitos anos, sim, porque sou daqueles que acredita que não há almoços grátis. São 561 milhões para a Madeira ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) assim distribuídos, na teoria, porque os planos serão, inevitavelmente, outros . 89 milhões serão atribuídos à saúde, portanto é desta vez que o Sesaram acabará com a lista dos 21 mil utentes que aguardam cirurgias e ainda com as consultas em atraso. 136 M vão para a Habitação Social e Ambiente que supostamente servirá para realojamento e novas habitações sociais talvez aqueles desalojados do 20 Fevereiro que ainda estão à espera. No Ambiente o G.R. vai poder, finalmente, asfaltar a estrada das Gingas em plena floresta laurissilva. Com jeito, ficará ainda 20 M para a Srª Secretária do Ambiente e Recursos Naturais acabar o Túnel do Pedregal. 139 M irão para o Plano de eficiência de energias renováveis o que permitirá ter energia ao pataco ou, pelo menos, bem mais barata dos preços escandalosos que os madeirenses pagam por um kw de eletricidade. Só tenho uma dúvida; sendo a EEM (não temos outra) uma empresa sob a tutela do G. R. , quem gerirá todos esses milhões, a EEM ou o Governo? Pois sabe-se que é o vice da Quinta Vigia quem vai repartir o bolo e assinar todos os acordos. 83 M estão destinados a residenciais para idosos e fortalecimento das parcerias de solidariedade social (IPSS), significa que todos os idosos irão, finalmente, para um lar e acabaremos com o incómodo dos sem-abrigo. Pedro Calado ficou amuado porque não lhe deram mais 172 M para acrescentar a Pontinha mas não se lembrou dos milhões esbanjado no Cais 8 que hoje serve apenas para atracar canoas. Restará ainda 109 M para colmatar uns calotes, camuflados, a antigos patrões, umas ponchas e umas jantaradas para os amigos. As Câmaras municipais que não são cor “laranja” não meterão o dedo no mel mas as outras “laranja e alaranjadas” terão direito a contratos programa para disfarçar. Os pequenos e médios empresários ficarão apenas com promessas. Como veem, para os que escaparem à pandemia, o “negócio” não será assim tão mau e lá para o último trimestre de 2021 andaremos a nadar em dinheiro mas daqui a uns anos andaremos a fazer contas de sumir para descobrir para onde foram todos esses milhões e lamentar mais uma oportunidade perdida. Como diz o adágio popular: “uns comerão os figos e aos outros rebentará os beiços”

Subscrevo o desejo do PS-M em querer uma comissão de acompanhamento para fiscalizar o PRR, pois tal já defendi em carta do leitor “Uma questão de transparência” de 27-08-2016 para gestão dos milhões auferidos aquando do aluvião de 2010 e posteriores incêndios que assolaram a Madeira.