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Cortar as amarras…

Miguel Albuquerque falou (…) que a Região Autónoma poderia cortar as amarras que nos unem a um todo, ao nosso Portugal

A algum tempo atrás o Presidente do Governo Regional da Madeira, Dr. Miguel Albuquerque, falou numa visita a uma obra ou a uma empresa, á margem do tema que levou os jornalistas a essa zona ou empresa, que a Região Autónoma poderia cortar as amarras que nos unem a um todo, ao nosso Portugal. No dia seguinte, como ninguém tivesse pegado no assunto, voltou a referir-se ao corte dessas ditas amarras e depois calou-se, quando na minha opinião este assunto, que de vez em quando vem à baila, deveria ser devidamente debatido pela população, porque os nossos governantes, o atual e o anterior, gostam muito desse tema. Eu também gosto, mas antes de manifestar a minha opinião num possível referendo, gostaria de ver esclarecidas algumas questões. Esses dois governantes usam e abusam desta questão porque o povo não está devidamente informado.

Assim gostaríamos de ter algumas respostas às perguntas que se seguem. Atualmente todas as receitas geradas na Madeira ficam cá e fazem parte do nosso orçamento regional, mas há muitas outras despesas pagas diretamente pelo Governo da República que nem entram no Orçamento da Região Autónoma da Madeira, mas que são necessárias à nossa vivência. Vejamos: Onde arranjariam cerca de 650 milhões de euros para pagar a Segurança Social, as reformas, o Rendimento Mínimo de Reinserção Social? Onde arranjariam os cerca de 200 milhões que são transferidos para o Orçamento Regional da Madeira? Onde arranjariam os 60 milhões transferidos para a Empresa da Eletricidade da Madeira para que os madeirenses possam beneficiar do mesmo preço da eletricidade que pagam os continentais? Onde iam buscar os milhões necessários para pagar os Tribunais, as Conservatórias, a Policia Judiciária, A Policia de Segurança Pública, a GNR? Onde iriam buscar os milhões para pagar a RTP/M e a RDP/M? Aonde iam buscar os milhões anualmente transferidos para as Camaras Municipais e Juntas de Freguesias? Onde iriam buscar as verbas necessárias para manter a Capitania e os barcos que patrulham as nossas águas marítimas? Como ficaria a nossa agricultura se acabassem os apoios comunitários vindos da Europa? Como seriam comparticipadas as grandes obras que atualmente são comparticipadas pela União Europeia? De onde viriam as verbas para pagar as forças armadas, nomeadamente o Exercito e a Aviação militar que tantos apoios dão à Região? De onde viriam as verbas para pagar as reformas da Função Pública? Com que verbas seria construído o novo Hospital? Quanto custariam, a mais as vacinas para o Covid 19, para a gripe, para as vacinas dadas na infância e outras uma vez que deixariam de fazer parte de uma grande compra e o preço passaria de milhões para centenas de milhares de doses? De onde viriam as verbas para acabar com a pobreza extrema na Madeira, que os sucessivos Governos Regionais do PPD não conseguiram acabar em 45 anos que governam a nossa Região e que recentemente foi levantada pela Velha Senhora?

Se somarmos todas estas verbas e mais alguma que me esteja a esquecer, teremos um montante superior ao atual orçamento, sem contar com as verbas do PRR, cujo valor equivale a cinco por cento do total, quando normalmente seriam apenas 2,5%.

O Senhor Dr. Miguel Albuquerque que diga ao povo madeirense quanto é que teria de aumentar os impostos para fazer face a todas essas despesas. Terá o Presidente do Governo Regional escondido algum jazigo de petróleo? Ou alguma mina de ouro? Ou mente descaradamente a cerca de duzentos e cinquenta mil madeirenses? Ou será apenas para tentar fazer chantagem com o Governo da República?

Tenha coragem, tenha-os no sítio e convoque, ou peça para convocar um referendo a nível nacional para o povo se poder manifestar a favor da independência ou da continuação daquilo a que chama de “AMARRAS”, mas antes não se esqueça de informar bem a população, respondendo às questões que coloquei, com seriedade. Se não o fizer poderei pensar que ou não os tem no sítio ou é um cobarde chantagista e que o seu partido PPD governa a Madeira há tanto tempo mantendo os madeirenses na ignorância e na pobreza, que não está interessado no desenvolvimento da sua terra, mas apenas nos tachos dos senhores dos partidos da coligação de direita.