O Esquema em pirâmide

Existem problemas estruturais em Portugal que não têm tido a devida atenção da comunicação social, entre os quais o funcionamento do sistema de Segurança Social. Nos últimos Censos ficaram ainda mais evidentes os problemas de não renovação de gerações e de envelhecimento populacional. Se nascem menos pessoas, chegaremos a um ponto onde a população em idade ativa não conseguirá pagar as pensões de quem está reformado. A forma como o próprio mecanismo está concebido não permite fazer face a estes problemas e o sistema acabará por colapsar. Se observarmos com atenção até percebemos que este sistema tem muitas semelhanças com os esquemas em pirâmide, sendo que um indivíduo faz múltiplos pagamentos, recebendo a promessa de que, de alguma forma, irá receber uma série de benefícios como recompensa. Sendo eu um jovem de 22 anos, a entrar no mercado de trabalho, é quase utópico pensar que vou ter direito a uma pensão quando estiver reformado. Ainda assim sou obrigado a descontar todos os meses. Infelizmente faço parte da geração que vai sair lesada neste esquema em pirâmide… (como sabem os que entram por último são os que ficam a perder).

Ao longo dos próximos anos, os políticos falarão da necessidade de aumentar ainda mais os impostos a quem trabalha e a quem gera trabalho, mas mais tarde ou mais cedo sabem que o sistema chegará ao ponto em que se tornará insustentável. Políticos que nunca geriram nada na vida não percebem que o problema não é a falta de dinheiro e que o problema está na gestão e no funcionamento deste sistema. A resolução dos problemas passa sempre por aumentar impostos para depois “despejar” dinheiro e recursos, sem qualquer critério, em sistemas que não funcionam, tal como acontece na generalidade dos organismos públicos. Este tipo de soluções fáceis são um atentado à produtividade e um dos motivos da estagnação económica do nosso país.

A solução para isto será obviamente bastante complexa. As soluções mais óbvias serão as políticas de migração e de natalidade, mas não serão suficientes. É inevitável abandonar esta obsessão ideológica e admitir as fragilidades do sistema. Têm de dar liberdade de escolha às pessoas e deixá-las tomar as suas decisões de investimento e de poupança, para poderem escolher outro seguro que melhor se adapte aos seus objetivos. Além disso, as pessoas não podem ser obrigadas a descontar dinheiro que poderão nunca reaver.

J.C.