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Viva a Democracia!

Todos os regimes democráticos permitem o voto, mas nem todos os votos produzem regimes democráticos. E aqui está uma fragilidade da própria democracia, que fica nas mãos dos eleitores, no pleno uso de um direito que lhes é concedido. Eu voto, porque faço questão de fazer uso do principal instrumento de um regime democrático para escolha de quem governa ou quem decide pelo bem comum.

Apesar de imperfeito, o regime político instituído no nosso país, ainda assim, permite as diferenças de opinião, acolhe a diversidade política, religiosa e outras, e dá espaço inclusive àqueles que o querem aniquilar ou subverter. Quem já viveu e vive sob o jugo de regimes ditatoriais sabe bem o que isso é.

Apesar de tudo, prefiro viver num regime democrático imperfeito, do que num perfeito regime totalitário ou autoritário, onde a comunicação social é coartada, onde não se admite a crítica ao regime, onde se exploram as desigualdades em proveito próprio.

Quando alguém diz estar contra o sistema e empreende uma ação de confronto a ponto de o querer mudar, traz consigo um conjunto de intenções, nem sempre benéficas ou tão positivas quanto o discurso faz parecer. Não é tão fácil perceber qual a carga intencional e analisar o seu efeito em caso de concretização das ações, mas é conveniente não ficar pela superficialidade e efemeridade das palavras.

Ser “contra o sistema” parece estar na moda, na senda dos populismos salvíficos da pátria. Pode parecer à primeira vista a única postura possível para mudar o estado de coisas, mas esquecemo-nos que gerir um Estado democrático pressupõe sistemas muito mais complexos, que implicam formas pacíficas, solidárias, transparentes e racionais de gestão, e uma grande diversidade de interlocutores. Quem é responsável pela educação de um filho sabe que é mais exigente a postura democrática e dialogante do que a postura autocrática.

Quem é bem-intencionado, quer contribuir para aperfeiçoar o regime democrático e melhorar os sistemas político e organizacional do seu país, em vez de colaborar para a sua destruição. A mudança e melhoria daquilo que comummente chamamos de “sistema” é possível e desejável, sem que se ponha em causa as liberdades e garantias dos cidadãos.

Eu voto, porque quero viver em Democracia.

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