País

Principais grupos europeus pedem que Portugal se concentre na criação de empregos

None
Foto EPA

Os líderes das principais famílias políticas europeias pediram hoje a Portugal que se concentre na recuperação económica da União Europeia e na criação de empregos, e saudaram o foco da presidência portuguesa no desenvolvimento do Pilar Social.

"Temos de falar de empregos, empregos, empregos, temos de falar de questões económicas. Por isso, apoiamos a ideia de uma Europa social. O mais importante é que as pessoas tenham empregos, sobretudo os mais jovens: temos de evitar que haja uma nova geração perdida", sublinhou o líder do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber.

Durante um debate com o primeiro-ministro, António Costa, a presidente da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas(S&D), Iratxe García Pérez, também referiu que a Europa aprovou "um plano de recuperação e um orçamento ambicioso", mas que agora a questão é saber todos se os cidadãos irão ver "da mesma maneira os esforços que foram feitos".

"A Europa é uma área de prosperidade e estamos orgulhosos do nosso modelo, mas temos de ser francos: [a pandemia] não afeta todos da mesma maneira e a diferença entre os salários mais elevados e os mais baixos aumentou no último ano, para não falar no desemprego", referiu García Pérez.

Assim, numa altura em que a pandemia tornou as "desigualdades ainda mais evidentes", a líder socialista pediu que seja aproveitada "a janela de oportunidade" aberta pela presidência portuguesa ao fazer do Pilar Social uma das suas prioridades, e saudou a experiência do primeiro-ministro português.

"A experiência de António Costa para fornecer a liderança necessária neste momento específico é óbvia. É a altura de cumprir", frisou García Pérez.

Também Dacian Ciolos, líder do grupo Renew Europe, frisou que Portugal assegura a presidência numa altura em que é necessário "mudar de práticas" e fazer de 2021 "o ano do renascimento".

"Temos de reparar o nosso tecido social e económico e sei que essa é uma das vossas prioridades. O plano de recuperação histórico tem que ser implementado o mais rapidamente possível e temos de estar prontos para fazer mais se for necessário", salientou Ciolos.

O eurodeputado referiu ainda que, na aprovação dos planos de recuperação, há "uma responsabilidade partilhada" de assegurar que os investimentos são feitos a pensar no futuro da Europa.

"Há uma responsabilidade partilhada em nos assegurarmos que cada governo implementa as reformas e os investimentos de maneira estratégica, para que o dinheiro europeu contribua para um mundo melhor no pós-covid. Não devemos permitir que os governos utilizem este dinheiro para melhorar as suas economias sem garantir efeitos estruturais positivos e de longo prazo", sublinhou Ciolos.

Os três líderes apelaram ainda a que Portugal avance na negociação do Pacto para as Migrações e Asilo e no processo de vacinação da UE e concordaram na necessidade de dar início à Conferência sobre o Futuro da Europa.

"Temos de agir de maneira responsável, temos de quebrar o impasse, não devemos subestimar a importância que esta conferência tem. Irá trazer-nos não apenas caras conhecidas, mas também as vozes de milhões e milhões de europeus que querem ter algo a dizer na Europa que estamos a construir", referiu Iratxe García Pérez.

Dacian Ciolos sublinhou também que o destino "está nas mãos dos europeus" e confiou na capacidade de Portugal para ultrapassar as diferenças entre as instituições neste tema.

"O nosso destino ficará melhor definido se conseguirmos dar início à Conferência sobre o Futuro da Europa. Estou convencido que, com o trabalho conjunto entre a presidência portuguesa e o Parlamento, conseguiremos fazê-lo", referiu.

Manfred Weber frisou ainda que os portugueses "sabem o quão importante é uma Europa unida" e "acreditam que ser Europeu não significa perder nada, mas ganhar muito".

"Tendo em mente a história de Portugal, acho que é óbvio que Portugal olha para lá do horizonte, olha para novas coisas e não tem medo do desconhecido. É deste espírito que a Europa precisa atualmente: do espírito de um descobridor", destacou Weber.

O primeiro-ministro, António Costa, na condição de presidente em exercício do Conselho da UE, debate hoje com o Parlamento Europeu, em Bruxelas, as prioridades da presidência portuguesa para o primeiro semestre do ano.

Menos de uma semana após ter acolhido a visita a Lisboa de uma delegação do colégio da Comissão Europeia, liderada pela presidente Ursula von der Leyen, na passada sexta-feira, e de também já ter recebido o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no lançamento da presidência, no início do mês, Costa completa assim a ronda de discussões institucionais sobre o programa do semestre com o Parlamento Europeu.

Fechar Menu