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Novamente a água de rega…

Esperemos que numas próximas eleições, o povo seja capaz de perceber esta situação e seja capaz de mudar o seu sentido de voto

No ano de 2012 escrevi sobre este assunto e mais tarde voltei a escrever sobre o então projeto da EEM no Paul da Serra que constava da construção de uma lagoa com capacidade para mais de um milhão de metros cúbicos de água com a finalidade de produzir mais energia limpa e ao mesmo tempo melhorar o regadio para a zona Oeste. Defendo e sempre defendi a captação das águas nas zonas o mais altas possível e construir reservatórios em zonas onde o mosquito do dengue não lhe chegue, para regularizar caudais na época estival.

Esses reservatórios poderão ser construídos, também nas zonas mais baixas, mas em tipo “furnas”, mesmo nas atuais levadas do Norte e dos Tornos, aliás como já acontece há muitos anos na zona do Campanário, aproveitando o pequeno desnível das próprias levadas. Isto significa que em 2 kilómetros se pode aproveitar um desnível de 20 metros, ou seja um tanque com uma profundidade de cerca desses tais 20 m com 2.000 metros de comprimento e de 25 m de largura, teríamos uma capacidade de cerca de um milhão de metros cúbicos. Certamente que hoje em dia seria mais fácil de construir do que aquele já existente. Assim teríamos o equivalente ao que se passa a ter para zona Oeste. Fazia-se o mesmo nas duas levadas a que nos referimos.

Juntamente com estes seriam montados nas zonas altas e muito altas outros tanques, desta vez pré fabricados, junto de nascentes e escorrências, em chapa galvanizada com a capacidade de 12.000 m3, que devem ficar muito mais baratos do que em betão e teríamos o problema resolvido da água de rega por alguns anos, além de passar a haver zonas certas de abastecimento do helicóptero quando tivesse que intervir na extinção de fogos florestais ou não.

A ideia de escrever sobre este tema foi dada por um reportagem publicada no dia sete do corrente mês, obre o túnel do Pedregal que, segundo a notícia, terá 5,400 Km de comprimento, armazenará do Inverno para o Verão cerca de 40.000 m3 e servirá cerca de 9.000 explorações agrícolas com cerca de 800 hectares. Ora, de acordo com a tradição para irrigar, por alagamento como é costume, necessita-se de cerca de 10 horas de água/hectare que correspondem a 540 m3 e se o objetivo “é assegurar o regular fornecimento de água aos tais 800 hectares”, significa que serão precisos 432.000 m3 por cada giro que corresponde a duas semanas. Se atualmente estão a fornecer água de mês a mês (2 giros) e se considerarmos o período estival de três meses, será necessário fornecer outro tanto, ou seja as tais duas vezes por mês que correspondem a 3 x 432.000 m3 = 1.296.000 m3. Como o túnel do Pedregal tem uma capacidade de 40.000 m3, acabará por não regularizar nada porque a água será armazenada do Inverno para o Verão…Não compreendemos como é que um túnel com 5400 metros só armazena este pequena quantidade de água. Pensamos que poderão construir vários túneis paralelos ou mesmo perpendiculares, consoante o solo permita. Não será possível fazer o túnel mais largo e mais profundo? Saliente-se que o custo para o Governo Regional, é muito baixo uma vez que é financiado pela Comunidade Europeia

Podem dizer que estas sugestões ficam muito caras, mas a verdade é que se não começarmos, nunca teremos a cíclica falta de água resolvida. Não sei os custos dos reservatórios em furna, mas com o equipamentos que andaram a fazer túneis em toda a Madeira, poderiam ser aproveitados em vez de estarem parados a enferrujar.

Os tanques pré fabricados em chapa galvanizada custam à volta de 200.000 euros cada um, já montados e se forem 50 teremos um total de dez milhões de euros, ou seja cerca de 16,66 euros cada metro cúbico!!!! Seriam cheios no Inverno e no Verão serviriam para regularizar os caudais das levadas e também regar as novas florestações ou qualquer outra actide existente nas suas intermédias. Não nos podemos esquecer que durante largo período do Inverno as levadas só transportam a água necessária para o abastecimento público.

Embora nos falte o preço dos tais tanques em furna, até porque o valores anunciados de 455 euros/m3, parecem-nos, como sempre, muito empolados, poderemos estimar que com menos de cem milhões de euros se resolverá o problema da falta de água de rega, que também deve ser acompanhada pela melhoria da distribuição para consumo pública, como está a fazer a Camara Municipal do Funchal e com a introdução de novas técnicas de regadio que economizam muita água, aproveitando-se os desníveis naturais Mesmo assim essa verba será financiada em pelo menos 85% pela Comunidade Europeia, como acontece com outras obras e teríamos um custo de cerca de 15 milhões para a Região. Esta verba é insignificante em relação aos benefícios que daí poderão advir, principalmente quando se gastam centenas de milhões de euros em obras que não serviram para nada e outras até estragaram a nossa cidade.

Mas o grande problema é a falta de vontade política, pois os agricultores sempre foram menosprezados pelos diferentes governos do PSD que está no poder há quarenta e tal anos e nunca mostrou vontade de o resolver. Esperemos que numas próximas eleições, o povo seja capaz de perceber esta situação e seja capaz de mudar o seu sentido de voto, em especial nos dois Concelhos mais sacrificados: Ribeira Brava e Camara de Lobos. Cuidar dos seus terrenos durante um ano inteiro e no período estival só ter água para regar com intervalos superiores a trinta dias e com caudais muito inferiores aos tradicionais cinquenta e quatro metros cúbico por hora.

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