Madeira

'Show, don't tell'

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Boa noite!

O DIÁRIO voltou a ser premiado na maior competição europeia de design de jornais. Uma oportunidade para cinco considerações.

1.     A estética da informação foi mais uma vez distinguida. Tornar interessante o que é importante é uma arte e, felizmente, no DIÁRIO, há talento na técnica do ‘show, don’t tell’. Temos provas dadas no âmbito do jornalismo visual mesmo antes de, em 2010, termos sido escolhidos como o melhor jornal local da Europa, e estamos conscientes que hoje, devido à desinformação galopante, mostrar é tão importante como noticiar.

2.   Os prémios obtidos em pleno contexto pandémico encorajam-nos a reforçar o pacto com a verdade. Ter ‘fact checks’ diários não é capricho. É necessidade. A pandemia serviu para que alguns ditadores tivessem promovido diversos atentados ao direito à informação, e à boleia do vírus alguns tentaram, sem sucesso, aniquilar o mensageiro. Só que houve também um combate crescente às ‘fake’, já que muitos, - no nosso caso e em termos de plataforma digital, nunca tantos como agora -, optaram sem reservas pela informação credível e geradora de confiança.

3.   Os prémios são uma dádiva num tempo em que muito nos é subtraído, sem grande reparo de muitos lesados. A imprensa livre não sobrevive sem o apoio dos seus leitores, sobretudo quando as receitas de publicidade batem no fundo, as vendas em banca são afectadas pela incerteza e os poderes lembram que há apoios iguais aos de sempre. Mas também não resistirá se não conseguir travar a usurpação de conteúdos pagos por parte dos que acham que basta citar para que haja a apropriação num ápice daquilo que deu trabalho e tem valor, mas que é difundido levianamente e à borla. E sucumbirá se não der cabo da ilegalidade e da pirataria que atentam de diversas formas contra os direitos de autor. Não vamos tolerar que haja grupos que, de forma ilegal, distribuem jornais e revistas no Whatsapp e Telegram e felizmente já temos as provas necessárias para levar à Justiça quem lesa a nossa actividade profissional e compromete a sustentabilidade dos meios de comunicação social.

4.   Os prémios contrastam com as campanhas que descreditam o jornalismo, algumas das quais oriundas de entidades com responsabilidades no sector e que passam atestados de incompetência à classe que dizem defender ou tratam como bando de inúteis todos aqueles que têm como missão informar, de preferência com recurso a fontes credíveis em vez da opção por alucinações e fantasmas, que o fazem trabalhando exclusivos enquanto outros tratam de comunicados, seleccionando registos digitais enquanto outros ouvem pessoas, pedindo comentários enquanto outros dão contexto aos factos, filtrando sem cessar enquanto que, infelizmente, alguns copiam e colam. O que interessa é contar o que passa com rigor e objectividade, de forma transparente, de modo a quem nos lê, vê e ouve possa fazer leituras e escolhas acertadas. O resto é conversa.

5.    Os prémios são de todos os que cooperam com a missão de informar. Como é óbvio nem tudo o que chega às redacções é notícia, sobretudo nesta era em que quase toda a gente julga que tem estatuto e mérito para marcar e interferir na agenda mediática, mas na nossa realidade ímpar há conteúdo gentilmente enviado que é ponto de partida para bons trabalhos, o que vai garantindo diferenciação e capacidade de surpreender os consumidores de informação.

Quem como nós faz jornalismo de proximidade precisa humildemente do contributo de todos para que a verdade impere. Há quem, com sobranceria, o transforme em jornalismo de investigação, de mérito individual, como se não houvesse mais ninguém no processo. Recusamos ignorar quem sabe e ajuda a fazer a hora. Aliás, agradecemos a todos os que cooperam de diferentes formas com esta nobre missão de informar. Essa parceria não nos diminui, antes fortalece. E é pena que a miopia de alguns ache que só factos testemunhados presencialmente pelos jornalistas possam vir a dar notícia. Não falta muito para que algum iluminado considere que a ronda matinal por bombeiros e polícias é mera propaganda corporativa.

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