País

Programa 'Saber fazer' vai criar Fundo para as Artes e Ofícios

None

O Programa "Saber Fazer", com a estratégia nacional para as artes e ofícios tradicionais de 2021-2024, vai criar um fundo e laboratórios de intervenção, no quadro das medidas para a salvaguarda, reconhecimento e desenvolvimento sustentável da produção artesanal.

O diploma com a resolução do Conselho de que aprova o programa vem hoje publicado no Diário da República, com a descrição dos objetivos e medidas a promover para o setor das artes e ofícios artesanais.

De acordo com o documento, o programa vai assentar em três eixos principais: transversalidade, territorialidade e tecnologia, com medidas que visam, "para além de reforçar a preservação de matérias-primas e práticas ancestrais e a memória cultural e artesanal do país, estimular a combinação de novas informações e conhecimentos antigos".

Com medidas em várias áreas, desde a salvaguarda, investigação, divulgação, e formação, o programa contempla a criação de um Fundo para as Artes e Ofícios, para apoiar, através de incentivos financeiros, o desenvolvimento e a inovação do setor, e um Mapa do Saber Fazer, para caracterizar e monitorizar o "saber fazer" em território nacional, através da "criação e disponibilização de um repositório de informação e documentação específica sobre a produção artesanal nacional, bem como da identificação e mapeamento das matérias-primas".

No quadro das várias medidas, está também prevista a realização do Estudo sobre o Setor das Artes e Ofícios para avaliar a relevância económica do setor e informar estratégias para o seu desenvolvimento.

O mesmo conjunto de medidas contempla a criação da Bienal Saber Fazer, um evento de âmbito cultural e comercial que coloque as artes e ofícios tradicionais no centro das questões e dos desafios da atualidade, bem como a aposta na internacionalização, criando relações com redes de artes e ofícios de outros países, bem como redes de distribuição e comercialização.

Outra medida será a criação de Laboratórios de Intervenção Territorial para "dinamizar os lugares das práticas artesanais através do encontro, da cocriação e da interdisciplinaridade, e integrar a produção artesanal na promoção comercial do património cultural, bem como viabilizar o acesso aos produtos e serviços artesanais de forma contextualizada, informada e criativa".

Também está prevista a criação das Coleções Saber Fazer, para reunir, produzir e disseminar conhecimento acerca da produção artesanal, promovendo a reflexão crítica sobre o setor, através de: uma linha editorial sobre as artes e ofícios; produção de investigação, estudos e artigos originais de reflexão e debate sobre as artes e ofícios tradicionais, no contexto das questões da contemporaneidade.

Na área da formação, está previsto o "Programa Aprendizado", para fomentar o acesso às técnicas artesanais tradicionais, através de oficinas e bolsas, mediante a experiência e a aprendizagem informal, e garantir a continuidade e renovação do setor através da investigação, de propostas inovadoras e novos praticantes.

O Saber Fazer Inclusivo será criado para "situações de particular desfavorecimento, seja do ponto de vista territorial, em zonas do Interior com escasso dinamismo económico ou em núcleos urbanos com focos significativos de exclusão".

Outras medidas previstas passam pela comunicação e imagem do setor, com o objetivo de promover uma imagem atualizada e representativa dos artesãos e das artes e ofícios tradicionais, através da "implementação de uma estratégia de comunicação afirmativa que valorize a oferta e que estimule e facilite a comercialização", e criando o sítio ´online´ saberfazer.pt que seja um espaço digital de referência da área.

Nas escolas também serão criadas oficinas especificas para estimular o interesse dos mais novos pelo património através de experiências criativas, e o Projeto Academia, para "promover uma formação em design mais informada pela cultura material e pela paisagem natural do território nacional, através, designadamente, da criação de parcerias com estabelecimentos do ensino superior".

Outra medida prevista é a criação do Centro Tecnológico do Saber Fazer, para "promover a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a aprendizagem informada das técnicas artesanais", com atividades pedagógicas e informativas sobre as técnicas tradicionais.

Um Banco de Conhecimento para reunir, interpretar e tornar acessível os materiais e a documentação sobre o Saber Fazer em diversos formatos e suportes, um Gabinete do Ofício, para apoiar e capacitar os artesãos, através de consultoria e acompanhamento formativo, ateliers e exposições estão igualmente previstos.

O diploma indica ainda que parte das medidas deverão avançar no primeiro semestre de 2021, nomeadamente o programa aprendizado, as oficinas nas escolas, o Projeto Academia, o Centro Tecnológico do Saber Fazer, o mapeamento, a promoção e comunicação do programa ´online´ para a sua divulgação.

De acordo com o documento, as competências relativas à coordenação, promoção e monitorização da implementação do programa sejam atribuídas a uma associação, a criar, tendo como associados públicos o Estado, através do membro do Governo responsável pela área da Cultura, o Instituto do Turismo de Portugal, o IAPMEI, o Instituto do Emprego e da Formação Profissional, a Agência Portuguesa do Ambiente, e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

Será a esta associação que irá competir coordenar as atividades subjacentes às medidas constantes do programa, articular e mediar, no quadro da implementação das medidas, as relações entre entidades, públicas e privadas, e agentes no território nesta área, promover as artes e ofícios.

Fechar Menu