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Eleitores democratas dos EUA receberam ameaças de perseguição

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Eleitores democratas de pelo menos quatro Estados norte-americanos, incluindo Florida e Pensilvânia, receberam nos últimos dias mensagens de correio eletrónico com ameaças de perseguição, caso não votem em Donald Trump, noticiou hoje a Associated Press.

A mensagem alega falsamente pertencer ao grupo neofascista Proud Boys e diz aos recetores "vamos atrás de ti" se estes não votarem no atual presidente, nas eleições agendadas para 03 de novembro. Os autores garantem ainda que conseguirão saber em que candidato votará o destinatário da mensagem.

A operação de intimidação usou, aparentemente, endereços de email obtidos em listas de registo de eleitores dos Estados, que incluem informação sobre a filiação partidária e podem incluir o endereço de e-mail.

As autoridades federais dos EUA há muito que alertam para a possibilidade de ocorrência deste tipo de operações, uma vez que as listas de registo de eleitores não são difíceis de obter.

"Estes e-mails pretendem intimidar e minar a confiança dos eleitores americanos nas nossas eleições", escreveu na rede social Twitter o principal oficial de segurança eleitoral do Departamento de Segurança Interna, Christopher Krebs, depois de as mensagens serem conhecidas publicamente.

Krebs apelou aos eleitores para não caírem em "alegações sensacionalistas e não verificadas", lembrando que o voto secreto é garantido por lei em todos os Estados.

Os emails foram enviados por um grupo de identidade desconhecida que usou tempo e recursos consideráveis para identificar servidores de internet vulneráveis em vários países, entre os quais Estónia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, dos quais se apoderou para enviar os e-mails, de acordo com o investigador de segurança John Scott-Railton.

O investigador do projeto de Laboratório Civil de direitos online da Universidade de Toronto assegurou ainda que a mensagem também foi recebida por eleitores do Alasca e do Arizona, que o endereço de e-mail dos Proud Boys adicionado ao campo do remetente é uma manobra de diversão e que o verdadeiro endereço de origem, não imediatamente visível (mas listado nos cabeçalhos dos e-mails), é o dos servidores atacados.

A operação não é extremamente sofisticada, explica a Associated Press, mas pode, ainda assim, ser apoiada por um Estado-Nação.

Existem casos documentados nos quais agentes russos enviaram emails ameaçadores a mulheres de militares dos Estados Unidos e a Ucrânia também foi alvo de e-mails com boatos que se suspeita serem oriundos do Kremlin.

Os serviços de inteligência gostam de usar este tipo de técnica porque não deixa 'rasto governamental', facilitando a sua negação.

"Definitivamente, já vimos Estados personificarem figuras e fações políticas no passado. Não seria inédito fazerem isso neste caso", justificou o diretor de análise de ameaça de inteligência da empresa de segurança cibernética FireEye, John Hultquist.

A Associated Press refere que tentou contactar, sem sucesso, o líder da base de Miami dos Proud Bouys, um grupo de extrema-direita que o presidente Donald Trump se tem recusado a condenar publicamente, facto que tem merecido várias críticas.

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