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Oposição venezuelana acusa regime de reduzir testes com fins eleitorais

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EPA/MARIO CAICEDO

A oposição venezuelana denunciou hoje que o Governo do Presidente Nicolás Maduro reduziu a quantidade de testes diários para provocar uma "falsa" descida no número de infetados com o novo coronavírus de cara às eleições parlamentares previstas para dezembro.

"(Nicolás) Maduro quer construir uma falsa normalidade, para levar os venezuelanos a uma farsa eleitoral, em dezembro, sobre os cadáveres de médicos, enfermeiras e venezuelanos. Tentaram fazer um falso fim da pandemia", denunciou o deputado opositor José Manuel Olivares.

Durante uma conferência de imprensa explicou que "o objetivo do regime é fazer que os venezuelanos acreditem que a covid-19 acabou e que a Venezuela seria o único país do mundo sem coronavírus".

"Na última semana, na Venezuela, apenas foram realizados 179 testes sorológicos em todo o país. A decisão da ditadura é não fazer mais testes para reduzir à força a curva de infetados", disse.

Nomeado comissário para a Saúde e Atenção Sanitária a Migrantes venezuelanos, pelo líder opositor Juan Guaidó, explicou ainda que "a nível nacional (na Venezuela), os três laboratórios criados pela ditadura, apenas 500 testes de PCR por dia".

"Por isso, Nicolás Maduro faz um falso fim à pandemia, e põe em risco todas as nossas famílias com uma flexibilização (da quarentena) baseada na mentira", disse.

Olivares explicou ainda que a Venezuela tem 16 laboratórios, com capacidade para processar 16.000 testes diários, "mas isso não convém à ditadura, porque evidenciaria um número mais próximo do número real de infetados pela doença".

"Com a flexibilidade, não há dúvida de que em duas ou três semanas o número de casos disparará. Estamos a caminho de aumentar os casos com um sistema de saúde acabado (destruído)", acrescentou.

Por outro lado, explicou que os dados da oposição continuam a ser diferentes dos anunciados pelo regime e que "pelo menos 1.539 venezuelanos faleceram", desde o início da pandemia da covid-19", dos quais "225 faziam parte do pessoal de saúde".

"É a maior taxa de mortalidade (de profissionais da saúde) da América Latina", frisou

O deputado apelou ainda aos venezuelanos para que usem a plataforma web criada pela oposição para "informar a verdade do que está acontecendo na Venezuela com o número de infetados" com o novo coronavírus.

"Hoje, para os médicos, é quase impossível registar que um paciente morreu da covid-19, porque se isso acontecer, chegará o Sebin (serviços de informação) ou Faes (Forças de Ações Especiais policiais) e os prendem", justificou.

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 87.161 casos de covid-19, que causaram 741 mortes, enquanto 80.316 pessoas recuperaram da doença.

A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.

Depois de implementar um programa próprio de quarentena preventiva, que previa 7 dias de flexibilização seguidos por 7 dias de estrito confinamento, o Governo venezuelano iniciou, segunda-feira, uma semana de "flexibilização ampla", durante a qual podem abrir os estabelecimentos de comércio em geral, turismo e organismos públicos, estando permitido o acesso às praias do país, atividades e eventos ao ar livre.

Também na segunda-feira, segundo o ministro venezuelano de Relações Interiores, Justiça e Paz, Néstor Reverol, os organismos estatais competentes iniciaram "uma jornada especial de emissão de cédulas (bilhetes de identidade), pré-eleitoral, nos principais escritórios do país", para garantir o direito a votar dos venezuelanos" nas eleições parlamentares previstas para 6 de dezembro.

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