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Uma Saúde paliativa

Na RAM a Saúde resume-se a números. O GR diz uns, a oposição afirma outros. Ano após ano, promessa após promessa, com iguais ou outros dirigentes, o povo continua sem soluções, para velhos problemas que se acumulam.

Nos últimos dias, situações díspares mas, curiosas, sucederam-se na Madeira.

Uma troca de cadáveres no hospital. É normal? não. Pode acontecer? sim. Tem acontecido amiúde? Sim, 1 a 2 vezes ano. Porque continua a acontecer?

Uma menina morreu em condições suspeitas. 48h depois, o SESARAM diz que tudo foi feito de “acordo com o quadro clínico apresentado”. O SESARAM esqueceu-se que com as pessoas, o “cut and copy” não existe e cada caso é um caso. Quando esta menina morre de forma suspeita, NÃO EXISTEM QUADROS CLINICOS TÍPICOS. Investiga-se. Se necessário, uma autópsia é feita e depois retiram-se conclusões. Ao SESARAM faltou humanidade e dignidade nesta altura.

A Dra. Filomena Gonçalves foi indicada para Dir. Clínica do SESARAM, pelo CDS-M, com outros nomes para lá exercerem cargos. Chocante que, claramente, se admita que são feitas nomeações, à medida por interesse partidário, logo na Saúde, com a bênção dos profissionais escolhidos (ética?). Na Saúde ajudam-se pessoas, não coisas. Quando se erra, as consequências são desastrosas.

Rafaela Fernandes, promoveu reunião com diretores de serviço do SESARAM. Tudo bem, não se desse o caso de promover uma votação sobre assuntos que só dependem da Administração/dela. O SESARAM vai ter uma gestão colegial? Ou será apenas demonstração de falta de caracter, de liderança, de coragem, usando a “assembleia” para afastar quem não queria? Se o SESARAM estava mal, ficou a saber-se que vai ficar pior, seja pelo “colégio” de interesses instalados, seja porque Rafaela falha como líder.

A Dra. Licínia Araújo, com a especialidade de Medicina Geral e Familiar, como informa a Ordem, é “Coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos, CP, do SESARAM”. A Enfª Teresa Goes, é “Dir. dos Cuidados Continuados Integrados, CC´s, do SESARAM”. No site do SESARAM aparecem lá os CP´s. Mas não CC´s. Normal, porque estão integrados na vice-presidência. Mas estranho, porque Teresa Goes não possui grande experiência em CC´s, para exercer funções de coordenadora regional. Falta-lhe experiência, sobra-lhe teoria e “manha”, que se notou nos acordos com privados e em entrevistas.

Teresa Goes, na RTP-M, disse que na RAM, para os CC´s, foram transpostas as orientações/diretivas nacionais. Não existe informação regional que a contradiga. Mas Licínia Araújo tem que ter a competência ou a especialidade em medicina paliativa, para exercer aqueles cargos (ver Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos, biénio 19/20, quadros 2/3). As equipas de cuidados paliativos devem integrar profissionais de Saúde com formação avançada, tendo um número mínimo de horas em formação prática. Quem nomeou Licínia Araújo, não cumpriu a lei e ela, ética e moralmente, não agiu bem, no mínimo. A(s) equipa(s) de CP´s regionais obedecem às diretivas “nacionais” ou “regionais”? Como aconteceu com Rita Andrade, foram feitas “leis” à medida ou simplesmente ignorou-se o normativo nacional?

Isolados, estes casos seriam invulgares mas, no seu todo, mostram o estado da Saúde na RAM. Não está morta, mas está paliativa. Porque onde sobram a sobranceria, a desilusão, o desinteresse, e o amor à ca(u)sa, faltam o humanismo, o rigor, o método, o brio, as competências próprias e a igualdade.