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Manifestantes iranianos queimam bandeira britânica frente à embaixada

FOTO EPA
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Manifestantes iranianos queimaram hoje uma bandeira britânica frente à embaixada do Reino Unido em Teerão, um dia depois de o embaixador britânico no Irão ter sido detido nos protestos pelo abate de um avião civil ucraniano.

O protesto, presenciado por jornalistas da agência francesa AFP, foi feito por cerca de 200 manifestantes que gritavam “Morte ao Reino Unido”, “Morte aos Estados Unidos” e “Morte a Israel”.

O embaixador britânico no Irão foi detido no sábado, em Teerão, nos protestos suscitados pelo abate, por erro, de um avião civil ucraniano por um míssil iraniano, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab.

“A detenção do nosso embaixador em Teerão sem fundamento ou explicação é uma flagrante violação das leis internacionais”, a declarou Dominic Raab.

Entretanto, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano confirmou hoje que Teerão deteve brevemente o embaixador britânico. “Ele não foi preso, mas detido como estrangeiro não identificado numa manifestação ilegal”, escreveu Abbas Araghchi na rede social Twitter, precisando que Macaire foi libertado ao fim de um quarto de hora, depois de ter sido identificado.

Segundo os media iranianos, Rob Macaire foi detido durante mais de uma hora.

Centenas de iranianos manifestaram-se no sábado em Teerão, gritando frases de ordem contra o sistema da República Islâmica e a Guarda Revolucionária do Irão por causa do abate do avião civil ucraniano, que provocou a morte dos 176 ocupantes.

Os manifestantes concentraram-se inicialmente junto à porta da Universidade de Tecnologia Amir Kabir, na capital iraniana, para acender velas em homenagem às vítimas.

A vigília degenerou depois num protesto contra as autoridades iranianas.

“A demissão (dos responsáveis) não é suficiente, é necessário um julgamento” ou “morram, morram por essa vergonha”, eram algumas das frases entoadas pelos manifestantes, segundo confirmaram testemunhas locais.

As palavras aumentaram de tom e as pessoas começaram a gritar “Morte ao ditador”, numa referência ao líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, e a exigir a realização de um referendo no país.

Hoje, as forças de segurança do Irão estão em alerta especial, tendo sido reforçada a sua presença nas ruas da capital por se esperarem mais protestos contra o abate acidental pela Guarda Revolucionária de um avião civil.

A polícia de choque em uniforme e capacetes pretos está concentrada na Praça Vali-e Asr, na Universidade de Teerão e noutros pontos de referência, enquanto circulam apelos a protestos no final do dia.

Membros da Guarda Revolucionária estão a patrulhar a cidade em motos e estando também presentes polícias à paisana.

O Presidente do Irão, Hassan Rohani, prometeu “levar à justiça” os responsáveis pelo abate, de forma inadvertida, do avião civil ucraniano com um míssil iraniano, uma promessa que foi feita durante uma conversa telefónica com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.

O Irão admitiu responsabilidades no derrube do aparelho da companhia Ukraine International Airlines (UIA) na quarta-feira passada, tendo informado que o avião civil ucraniano tinha sido abatido inadvertidamente por militares iranianos que o confundiram com um míssil de cruzeiro devido ao estado de alerta decretado por causa da recente escalada de tensão entre Washington e Teerão.