...do paraíso às urnas!

Podia ser o rescaldo de umas férias, mas é mais que isso. È também um olhar à gestão autárquica e governativa naquela ilha. Nos últimos anos, pesem as promessas de uma ilha eco e sustentável, o Porto santo regrediu em vários aspetos da qualidade de vida dos seus residentes e na oferta turística.

O tesouro da ilha é a sua praia e os seus ricos complementos da sua natureza geológica e paisagística.

Como qualquer destino turístico sazonal que se preze, também o Porto Santo devia se preparar e organizar para a sua época de ouro.

A incontornável sazonalidade da ilha, deve obrigar a que governantes regionais e locais tenham um olhar diferente para uma ilha que depende do Verão, ampliando e enriquecendo as condições de vida com estruturas, motivos, eventos e atrações de qualidade, associadas a uma boa vivência ambiental, cultural e urbanística para atrair mais turismo.

Mas, mais uma vez, o Porto Santo não fez o trabalho de casa para o Verão mesmo para os seus residentes de todo o ano.

E senão vejamos alguns aspecos primários:

- Os transportes continuam caros. Um automóvel no Lobo Marinho é um roubo. De avião é tão caro que a média de utilização é abaixo dos 50%, mesmo no Verão. ( o subsidio do Estado para a exploração dá para tudo, até para o avião voar vazio)

- As obras do centro da cidade arrastaram-se sem que tivesse existido a devida posse dos terrenos para a sua execução. Há ainda um imbróglio para resolver entre o proprietário e o governo/autarquia, afetando a renovação de um espaço urbanístico dos mais nobres da cidade. No entanto esta obra foi anunciada há mais de um ano pelo Presidente do Governo, sem que o espaço estivesse já legalizado. E a frente da cidade é um desastre paisagístico.

- O novo supermercado, que não devia ter sido erguido naquele espaço, não tem doca adequada para a descarga de mercadorias e não tem estacionamento suficiente para os utentes, em particular no Verão. Não é coberto, e o piso é irregular com prejuízo para os carrinhos de compras, para as crianças e idosos. Como se licencia uma infraestrutura destas sem o devido cumprimento da legislação para o estacionamento, devidamente planeado e sem constrangimentos nas suas entradas e saídas para a principal estrada da ilha?

- Vários ecopontos não dispõem de contentores para resíduos de plástico, o que não se compreende;

- Os passeios da cidade são autênticas armadilhas para peões com desníveis e buracos.

- O centro da cidade não tem estacionamento suficiente. Há dois espaços de terra que se utilizam há vários anos, sem que haja condições adequadas e sem um planeamento urbanístico estético e funcional.

- Há estradas e caminhos esburacados sem que, mais uma vez existisse a preocupação de alindar a Ilha para o Verão. Em vez de se prolongar a sazonalidade (era bom que as aulas só começassem em Outubro) parece que o governo e a autarquia olha para ilha só no mês de agosto. Foi assim para a máquina da limpeza da praia e igualmente para os apoios de balneários que foram instalados na segunda semana de agosto, quando o Verão teve início em Junho.

- Não há apoio balnear na praia junto à marina.

- As concorridas zonas do Cabeço e do Combro não têm estacionamento.

- Parece que vai surgir mais um hotel entre o Tia Maria e o Cabeço e fica a pergunta- reservaram arruamento para a praia e estacionamento para a população?

Enfim, não vou falar da falta de qualidade de alguns restaurantes, e dos preços exorbitantes que praticam. Nem vou falar da falta de eventos culturais, nem do ruído excessivo das noites de Agosto, porque o espaço do Penedo do Sono foi abandonado e autorizou-se uma discoteca debaixo de um prédio de apartamentos e outros bares no centro da cidade pela madrugada fora.

Uma Ilha que se pretende ser pioneira no ambiente, candidata a reserva da Biosfera não pode pactuar com este descalabro.

Se este pode ser um “olhar” de férias, também pode constituir uma explicação para o PSD ter perdido as eleições onde o Presidente do Governo tem o pelouro da Ilha e a delegação do governo e a autarquia são um exemplo de incompetência.

Mesmo assim para o ano, vou regressar ao querido Porto Santo, mas nunca em Agosto.

Haja competência e bom senso.

João Andrad