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Desconcertar e atropelar a Autonomia

O discurso de António Costa na “rentrée” socialista em Machico e a entrevista que concedeu ao DN da Madeira vieram comprovar aquilo que todos nós já sabíamos.

O Primeiro – Ministro e secretário - geral do PS é bastante habilidoso e está disponível a utilizar todos os truques para tentar ganhar as eleições na Madeira, de tal forma que é capaz de dizer e fazer tudo e o seu contrário.

É por isso que não nos surpreendeu o rol de mentiras proferidas na Madeira e o compêndio de falsidades e de desculpas emitidas por Costa para tentar enganar e ludibriar os madeirenses e porto-santenses.

Em véspera de eleições, Costa veio à Madeira fazer um pouco de tudo, garantiu que apresentou soluções para os dossiers pendentes mas que não os conseguiu resolver porque tropeçou “sempre em problemas inventados pelo executivo madeirense”. Disse que resolveu o problema do helicóptero para apagar incêndios quando quem o paga é a Região. Mostrou-se disponível “para abrir um concurso para o ferry” todo o ano, depois de ter chumbado todas as propostas apresentadas pelo PSD- Madeira nesse sentido. Alegou que resolveu a injustiça da taxa de juro à Região quando continua a obrigar a Madeira a pagar a mais doze milhões de euros por ano. Disse que resolveu o financiamento do novo Hospital da Madeira, quando quatro anos depois ainda não o concretizou e continua a fugir aos cinquenta por cento que assumiu.

Artimanhas bem reveladoras de que para Costa vale tudo para tentar chegar ao poder na Região, distorcer a realidade, arranjar justificações e atribuir a culpa aos outros pelo adiamento da resolução dos problemas da Madeira.

Os madeirenses e portos - santenses sabem e nós testemunhamos na primeira pessoa na Assembleia da República que o Primeiro-Ministro e o seu governo não fizeram nada para resolver os nossos dossiers pendentes.

Sabem também que foram os Deputados do PSD Madeira, os únicos que estiveram sempre do seu lado, a denunciar esta estratégia de asfixia à Madeira e a pressionar Costa e os seus Ministros a resolver os nossos problemas.

Esta estratégia anti- Madeira contou aliás em Lisboa com a cumplicidade e com o voto de todos os Deputados eleitos pelo PS e pelo BE da Madeira.

Mas mais grave do que este elenco de truques e inverdades é a intenção revelada por António Costa ao DN – M de rever e cortar na próxima legislatura o subsídio de mobilidade por alegadamente o considerar “absurdo e ruinoso” e financeiramente “insustentável para o conjunto dos portugueses”.

As declarações relativas ao subsídio de mobilidade proferidas por António Costa na Madeira e o anúncio da intenção do Governo socialista de demitir-se das suas obrigações relativas à mobilidade dos madeirenses e porto-santenses configuram um grave e violento ataque à Madeira e à nossa Autonomia.

O Primeiro-Ministro revelou com as letras todas que se prepara para dar um golpe à Madeira e à mobilidade dos madeirenses e porto-santenses

Este golpe que conta com a ajuda e com o silêncio do PS-M é anunciado dois meses depois da aprovação histórica na Assembleia da República da proposta do PSD Madeira para que os residentes paguem apenas € 86 e os estudantes €6 5 no acto da compra da passagem aérea.

Não há por isso dúvidas, António Costa e o PS preparam-se para ignorar a aprovação unânime da Assembleia e vão voltar a recuar e a prejudicar a mobilidade dos madeirenses e porto-santenses.

Para Costa esta é a oportunidade perfeita para tentar igualar Sócrates e desferir um rude golpe à nossa Região.

Em 2007, Sócrates não descansou enquanto não prejudicou a Madeira e nos retirou mais de duzentos milhões de euros com a Lei de Finanças Regionais.

Agora António Costa quer ir mais longe do que Sócrates, quer impor limites, quer desconcertar e atropelar a nossa Autonomia.

Esta é a visão centralista e anti-autonomista que o PSD Madeira e a maioria dos madeirenses e porto-santenses rejeitam há 43 anos e que pelos vistos os socialistas madeirenses e os seus cabeças-de-lista às eleições regionais e à Assembleia da República continuam a aplaudir de pé.

Não podemos aceitar que Costa coloque em causa as conquistas e os direitos adquiridos dos madeirenses e porto-santenses.

É ao Estado e ao Governo da República que incumbe assegurar e pagar os custos da insularidade e as deslocações dos madeirenses e porto-santenses dentro do território nacional e não à Madeira.

A Autonomia não se reforça, nem se compadece com estes limites, com estes cortes na mobilidade ou com a imposição por parte de Lisboa de órgãos de concertação.

Nos dias 22 de setembro e 06 de outubro vou continuar a estar do lado certo, do lado dos autonomistas e daqueles que defendem sempre a Madeira.