Artigos

Até sempre!

Agora e porque na vida tudo se transforma, decidimos, por um conjunto de razões, sair da Madeira

Como ela própria, afinal, tudo na vida tem um princípio e um fim.

Tenho a felicidade (e também a infelicidade, diga-se) de saber, há muito, que assim é. Há 42 anos, a minha mulher e eu “naturalizámo-nos” Madeirenses.

Nem sempre aceites como tal por todos, a verdade é que assim nos passámos a considerar e, a pouco e pouco, a aceitação foi “quase” geral. E digo quase, porque continuei a ouvir muitos “piropos” (em especial quando em funções públicas) de que não era nado e criado na Região. Mas adiante.

“Naturalizámo-nos” e tivemos o privilégio de aqui viver o dia mais feliz da nossa vida, o do nascimento das nossas filhas. Paradoxalmente, foi também aqui que vivemos o pior. O da informação, no hospital, sobre o diagnóstico da doença terminal de uma delas.

Da Região recebemos muito, em especial os inúmeros amigos que aqui fizemos e que mantemos, de várias gerações, sexos e cores (das de todo o tipo).

À Madeira demos também o nosso melhor. Na educação e no desporto, em múltiplas e diferentes funções, do treino ao dirigismo, passando pela colaboração jornalística, escrita e televisiva. Ainda à promoção turística, com o nosso envolvimento nos Jogos Sem Fronteiras. Numa faceta menos conhecida, também por via das três empresas que ajudámos a criar e cujas participações decidimos vender, no momento em que assumi funções de relevância política.

A este nível, mas também e posteriormente no plano empresarial, tive a felicidade de ser desafiado a ocupar funções de liderança política e estratégica, o que me permitiu, dentro dos parâmetros estabelecidos em cada estrutura, contribuir para o desenvolvimento regional. Contribuir, enfim, para a melhoria de vida das pessoas.

Agora e porque na vida, qual adaptação de Lavoisier, tudo se transforma, decidimos, por um conjunto de razões, sair da Madeira.

Mantendo, todavia, aqui um pé, leia-se o nosso espaço no Porto Santo, para, em especial no Verão, gozarmos este clima generoso e o prazer dos nossos amigos, alguns de 4 décadas. A cabeça também ainda aqui fica parcialmente, pois espero ter a capacidade de concluir o projeto de doutoramento em que me envolvi e cuja temática não poderia deixar de ser “sobre e da” Região.

Uma outra ligação que mantenho, como é óbvio, é à política Madeirense. Sem qualquer pretensão que não a de colaborar (se e quando acharem útil), como dei nota ao presidente do meu partido em Maio passado, quando a decisão familiar foi assumida. E por uma razão simples. Porque sendo social democrata, sou, antes e acima de tudo, um Autonomista anti-colonialista. E não conheço, sinceramente, outro partido neste país em que esse valor se assuma como no de que sou militante, o PSD-M.

“Last but not least”, uma palavra para o DN. Aqui escrevo, com umas intermitências, há quase tantas décadas como as que aqui vivi. Abordando temáticas diversas que se foram ajustando às transformações que a nossa vida aqui foi tendo. Do desporto à política, passando pela economia e pela cultura. Agradeço, assim, a todos os que o dirigiram ao longo dos anos, a oportunidade. Enaltecendo a vossa paciência para os abusos de caracteres que fui tendo. Termino como comecei. Até sempre, porque, afinal, nada na vida é definitivo.