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Albuquerque, esse “Pater Familias”

Eu sei que a figura “salazarenta” do homem “chefe de família” arrepia aquela esquerda radical tão boazinha que grita, pedindo ao Santo António – uma heresia para o marxismo, pois a religião é o ópio do povo – a morte ao Bolsonaro, mas de forma eufemística. Só pedem ao santo católico nascido em Lisboa, que leve o presidente brasileiro eleito democraticamente, para ao pé de Salazar. Muito ternurenta esta candura democrática do BE na comemoração do 25 de Abril. Mas pergunta e bem o leitor, do porquê do título do Albuquerque como chefe de família. Reporto-me ao trágico acidente de autocarro que ceifou quase trinta vidas no mês passado no Caniço, naquele que é o mais trágico acidente rodoviário de que há memória na Madeira. E este ano tem sido particularmente trágico nas nossas estradas. Há um dado deste acidente que, mau grado a tragédia pesada pela expressão do número de mortos, ressalta de forma inquestionável, que é a competência e a eficiência do socorro prestado, cuja relevância foi por todos apontada dentro e fora da Madeira e do País. A formação e treino de equipas, e o investimento em equipamentos foi aqui mostrada o quão importante é nestes cenários. Há uns meses, eu estava nas urgências acompanhando um familiar, num dia em que havia um simulacro de acidente e nas urgências do hospital, o atendimento ao meu familiar foi mais demorado em função da acção que estava a decorrer. Obviamente eu não gostei dessa demora, ao ver jovens figurantes a rir em macas ao lado do meu familiar, que na altura estava numa cadeira de rodas à espera do ortopedista que havia sido chamado ao simulacro, cuja demora nem foi excessiva, mas como sabeis, quem ali está em demanda de saúde, tem o seu caso como o mais prioritário de todos. É humano. Por isso a minha genuflexão a todos os intervenientes, autoridades policiais, bombeiros, médicos, enfermeiros, populares e demais profissionais envolvidos. Mas em qualquer organização há uma hierarquia de governação, como naquele tempo do Salazar. Miguel Albuquerque não estava presente, e estava a chegar ao Dubai em gozo de férias, ao que parece prescindindo do passaporte diplomático. E chegavam à ilha os ministros dos negócios estrangeiros alemão, o seu embaixador em Portugal e o MNE português. Depois veio o afectuoso Marcelo das selfies, e o nosso “pater famílias” Albuquerque sempre ausente, e as carpideiras do costume a reclamar o seu “pai”. Mas ficou o vice-Calado e toda a máquina estava a funcionar, mas elas não se conformavam no seu vale de lágrimas. Afinal, a oposição que ficou órfã de Jardim em 2015, até já se ressente duma breve ausência de Albuquerque. Quem diria?