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Extrema-direita espanhola defende construção de muro contra a imigração

FOTO EPA
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O deputado do partido de extrema-direita Vox na Comunidade de Madrid, Pablo Gutiérrez de Cabiedes, defende a construção de um muro em Ceuta e Melilha em nome da lei e por motivos “humanitários”.

“Eu entendo o muro como uma medida para cumprir a lei, para proteger os nossos polícias e que as fronteiras no nosso país sirvam apenas para as pessoas entrarem legalmente. É preciso que não se gerem expectativas aos imigrantes que depois não vão realizar-se, sob pena de correrem riscos. É também por motivos humanitários que defendo o muro”, disse à Lusa o deputado da Comunidade de Madrid e dirigente do Vox.

A proposta da extrema-direita sobre a construção do muro entre as autonomias espanholas e o reino de Marrocos no norte de África é um dos temas mais polémicos da actualidade política em Espanha, fortemente criticada pelos partidos de esquerda e associações de defesa de direitos humanos.

“As políticas de imigração são uma armadilha. São políticas que acabam por incrementar a actividade de máfias”, disse, questionando: “Como pode o ministro do Interior (Miguel Grande-Marlaska) permitir que os polícias espanhóis sejam agredidos nas fronteiras. Não os está a proteger, nem em Ceuta, nem em Melilha”.

O deputado do Vox falava à margem de uma sessão de esclarecimento na rua do Asfalto, bairro de Villaverde, uma zona “tradicionalmente de esquerda” na periferia de Madrid.

A sessão, que decorreu num bar de apoiantes do clube de futebol Real Madrid, juntou durante a noite de terça-feira mais de três dezenas de apoiantes do Vox do bairro habitado por 12 mil pessoas e onde a principal “preocupação” é o “crime, a prostituição e a imigração”.

“As políticas de imigração permitem que uma casa pequena seja ocupada ilegalmente por 25 imigrantes do norte de África e que prejudicam os nossos comerciantes”, disse um dos intervenientes durante a sessão de campanha do Vox.

“Isto não é xenofobia porque os políticos não nos dedicam tempo. Isto (Villaverde) é uma lixeira humana”, acrescentou o mesmo participante, que afirmava representar os pequenos comerciantes do bairro, entre cartazes do Real Madrid e estantes cheias de taças de um clube desportivo local.

Das três dezenas de participantes da sessão de campanha, quatro eram mulheres e vários levavam camisolas com a inscrição “Tenho orgulho em ser espanhol”.

Um grande busto em gesso do autor de “D. Quixote de La Mancha”, Miguel de Cervantes e Saavedra, estava tapado por duas bolas de futebol autografadas por jogadores do Real Madrid.

O Vox vai continuar a percorrer os bares operários da periferia da capital durante os últimos dias de campanha através de convocatórias difundidas pelas redes sociais.

Espanha vai a votos no próximo domingo, pela quarta vez em quatro anos.

As eleições foram convocadas em setembro pelo rei de Espanha, depois de constatar que Pedro Sánchez não conseguiu reunir os apoios suficientes para ser investido primeiro-ministro pela maioria absoluta dos deputados ou, numa segunda volta, apenas pela maioria simples.