Madeira

PSD garantiu ‘chumbo’ ao orçamento da Câmara do Funchal

Miguel Albuquerque reforçou importância do partido se abrir à sociedade, em particular à juventude

O congresso juntou também figuras históricas dos TSD.   Foto DR
O congresso juntou também figuras históricas dos TSD. Foto DR

O PSD vai votar contra o orçamento da Câmara Municipal do Funchal na próxima segunda-feira. Miguel Albuquerque deixou claro ao início desta tarde no encerramento do VII Congresso dos Trabalhadores Sociais-Democratas da Madeira que não vai apoiar uma autarquia “sem rumo”, “sem respostas” e em “estado vegetativo”. O presidente do PSD aproveitou a ocasião para alertar para a necessidade de mobilizar a juventude, recordando que o PSD é um partido de militantes, não de eleitores.

Com uma única lista a concorrer, a moção apresentada pela Lista A foi aprovada por unanimidade, presidindo como já anunciado ao Secretariado Amílcar Gonçalves. O novo líder dos TSD Madeira não quer que as linhas estratégicas ali defendidas fiquem no papel. Não é documento de retórica, afirmou. “É o nosso caderno de encargos”, são as ideias que vão pôr em prática, acrescentou o ex-secretário regional do Equipamentos e Infra-estruturas, comprometendo-se com um trabalho forte e focado.

Os jovens também mereceram uma nota neste encontro, com Amílcar Gonçalves a prometer uma acção concreta para combater o desemprego na juventude e pediu o apoio da Juventude Social-democrata. A revisão dos estatutos, prometeu, vai pautar-se pela transparência.

Miguel Albuquerque encerrou os trabalhos logo depois, colocando também a tónica nos jovens, na importância de mobilizar os mais novos para a social-democracia. Recordou que o PSD é um partido interclassista, transversal à sociedade, onde o valor do trabalho e os trabalhadores fazem parte dos alicerces. “Ai do PSD se se transforma num partido de elites!”, alertou.

Após ter cumprido os objectivos das três vitórias nas últimas três eleições, disse que é hora de trabalhar o Programa de Governo, onde pretende apostar no crescimento económico, no emprego, na paz social, na diminuição da carga fiscal das famílias e empresas, contribuindo para o aumento dos rendimentos. Mas estes dependem de uma economia com contas certas e em crescimento, deixou claro. “Sem a economia estar a crescer, nós não podemos melhorar as condições de vida dos nossos trabalhadores”. Brevemente vão começar as negociações, a concertação social para o salário mínimo na Região. Miguel Albuquerque acredita que vai conseguir um bom acordo.

O governo de coligação estável vai remeter a Esquerda e o Partido Socialista na Região para mais quatro anos de oposição, no entendimento do presidente do PSD. “Perfaz, segundo as minhas contas, daqui a quatro anos, 47 anos na oposição. Eles de facto merecem”. Mas o PSD não se pode fechar à sociedade, alertou. Quer um trabalho de aproximação, um partido de braços abertos à juventude, às forças vivas da sociedade e aos trabalhadores. Quer que percebam quais são as necessidades dos jovens, sem entrar em modas.

“Temos conseguido ao fim de 43 anos conter a erosão natural de um partido como o nosso, caso inédito, que em democracia está há 43 anos no poder. Mas é fundamental percebermos que os nossos militantes de maior destaque vão envelhecendo, e pela lei da vida é essencial precavermos o futuro”. Isto faz-se, revelou, incorporando novos militantes e dando-lhes formação política e transmitindo-lhes o espírito da social-democracia, assim como recordando o trabalho conseguido nestas décadas. “Temos de fazer esse grande esforço, um esforço que implica humildade e boa vontade, um esforço que implica inteligência e percepção relativamente ao futuro, e um esforço que de facto é aquilo que sempre foi o PSD. O PSD é mais do que um partido político. (...) Nós somos um partido de militantes, não somos um partido de eleitores”. Na opinião do líder, este é o segredo da consistência e das vitórias.

Miguel Albuquerque incentivou também os presentes a nunca ter medo de ser do PSD e vergonha de ser militante do partido que “revolucionou” a Madeira, que trouxe “a liberdade e o progresso”.

As eleições autárquicas no final de 2022 também já entraram no discurso, com o presidente do PSD a dizer que é o próximo desafio. “Temos o tempo necessário e temos horizonte temporal para iniciamos essa preparação”. Antes disso, já na segunda-feira, o PSD vai votar contra o orçamento da Câmara do Funchal. Miguel Albuquerque criticou o “estado vegetativo” que se encontra a autarquia, com um presidente que saiu e governada por uma coligação que se desfez. “Neste momento está sem rumo e está um completo desnorte nesta cidade”. Chamou a atenção para a falta de capacidade de resposta, para a “degradação da cidade”. “Eu quero deixar muito claro que o PSD não irá pactuar com a sobrevivência, muito menos orçamental de uma câmara que não tem rumo nem tem estratégia. Portanto, quem se coligou com esta força que está a governar a Câmara, é que tem que apoiar a vereação e a actual presidência”.

Na plateia estavam Bazenga Marques e Brazão de Castro, duas referências dos TSD na Madeira. Tanto Amílcar Gonçalves, como Miguel Albuquerque aproveitaram a ocasião para agradecer o trabalho realizado aos anteriores dirigentes. “Quem não sabe agradecer, quem não tem memória, não tem presente e não tem futuro”, disse Albuquerque.

Quanto às votações, para o Conselho Regional votaram 79 a favor, houve 1 voto nulo e 2 em branco, tendo a única lista concorrente sido eleita. Para a Mesa do Congresso foram 76 na lista A, 4 brancos e 1 nulo; para o Secretariado, 78 na Lista A, dois brancos e 1 nulo; e para o Conselho de Disciplina e Fiscalização, 78 votos a favor, 1 branco e 1 nulo.

A Mesa é presidida por Jaime Freitas; o Conselho de Disciplina por Rosário Sardinha; o Conselho Regional por Teresa Gouveia e o Secretariado liderado por Amílcar Gonçalves.