PJ investiga fraude fiscal e branqueamento em negócios entre Portugal e a Venezuela
Unidade de Combate à corrupção efectuou ontem 10 buscas domiciliárias e não domiciliárias e suspeita de contratos no valor de “dezenas de milhões de euros”
A Polícia Judiciária e a Autoridade Tributária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e da Direcção de Serviços de Investigação da Fraude e de Acções Especiais (DSIFAE), respectivamente, procederam no dia de ontem, quarta-feira, à realização de 10 buscas domiciliárias e não domiciliárias, por suspeitas da prática dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, em processo crime cuja investigação corre termos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
Sob suspeita estão vários contratos, celebrados entre 2013 e 2016, entre uma empresa estatal venezuelana e uma sociedade pertencente a um grupo empresarial português, no valor de dezenas de milhões de euros, respeitante à venda de várias toneladas de carne, informou a
Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ em nota de imprensa.
“Existem fortes suspeitas de que os elevados proventos obtidos com o referido negócio não tenham sido integralmente declarados fiscalmente, bem como de que os arguidos tenham recebido comissões avultadas através de sociedades offshore, lesando o Estado português em milhões de euros”, revela em comunicado.
Recorde-se que no passado dia 26 de Novembro último foi notícia o desfalque de 4.500 milhões de dólares na Venezuela que envolvia o BES.
O Departamento de Justiça norte-americano está a investigar os empresário venezuelanos Luis e Ignacio Oberto por um suposto esquema de corrupção no PDVSA (Petróleos da Venezuela). Segundo uma notícia publicada no El Nacional, o esquema implicaria o desvio de fundos no valore de 4.500 milhões de dólares.
Já de acordo com o ‘El Nuevo Herald’, também citado pelo El Nacional, as autoridades suspeitam que os irmãos Oberto acumularam uma imensa fortuna através de empresas fantasmas (Violet Advisors S. A. e a Welka Holdings Limited) que concederam empréstimos em bolívares à PDVSA à taxa de câmbio preferencial. Depois de algumas semanas, eles teriam sido pagos em dólares ou outras moedas igualmente fortes. Os funcionários da PDVSA terão transferido o reembolso dos pagamentos através do Banco Espírito Santo (BES) para diferentes contas pertencentes aos irmãos entre 2012 e 2014, acrescentaram as fontes.
Noutra situação, os empresários parecem estar ligados aos enteados de Nicolás Maduro. Eles supostamente conseguiram obter um pagamento de 600 milhões de dólares da PDVSA em poucas semanas para pagar um empréstimo em bolívares no valor de apenas 42 milhões de dólares.