A “Estrela de Belém”, afinal, não era uma estrela
Os reis Magos viram um alinhamento de planetas, cuja luz, vista da terra, parecia uma estrela brilhante
Segundo a Bíblia, os reis Magos viram “uma estrela no oriente” e interpretaram que seria um sinal do nascimento de um salvador. Por esse motivo, dirigiram-se ao palácio de Herodes para saberem onde nasceu o rei dos Judeus (Mat 2,1-2).
O cometa Halley
Orígenes, no século III, pensava que aquela “estrela” era um cometa, mais tarde conhecido como “Halley”. Por este motivo, Giotto pintou a “Adoração dos Magos”, no séc. XIV, numa igreja de Pádua, no qual a Estrela de Belém aparece com uma cauda de cometa. Atualmente, esta teoria foi afastada porque o cometa Halley apenas foi visível na terra no ano 12 a.C.
Alinhamento de planetas
Outros astrónomos concluíram que a Estrela de Belém era resultado de uma conjunção de planetas, entre o ano 2 e 7 a.C., os quais, na sua órbita, alinharam-se de forma que pareciam uma grande estrela. Johannes Kepler (1571-1630) calculou que este era o alinhamento de Júpiter e Saturno no ano 7 a.C. Paul Schnabel também chegou a esta conclusão em 1925. No entanto, estes fenómenos não coincidem com a data do nascimento de Cristo.
Nascimento de Cristo
Foi o monge Dionísio, no século VI, quem calculou que Cristo nasceu a 25 de dezembro do ano 753 da fundação de Roma. Foi a partir daqui que, por volta do ano 600 d.C., começou a considerar-se a data do nascimento de Cristo como o ano zero da “era de Cristo”. Até esta época apenas se aplicava o calendário Juliano.*
Dúvidas bíblicas
O rei Herodes faleceu no ano 4 a.C. Por isso, Cristo deve ter nascido antes de Herodes morrer. São Lucas (2,1-2) descreve que César Augusto ordenou o recenseamento quando Quirino era governador da Síria. Foi nessa época que José e Maria dirigiram-se para Belém para se recensearem. No entanto, Quirino governava a Síria antes de Cristo e o recenseamento também foi realizado antes.
Conclusão
Devido a estas imprecisões, muitos estudiosos concluem que Cristo deve ter nascido entre o ano 6 e 3 a.C.. Esta teoria resolve as divergências com a versão de Lucas e de Mateus e coincide com o alinhamento de planetas acima mencionado. Por tudo isto, a “estrela” de Belém não terá sido uma “estrela” nem um cometa, mas um alinhamento de planetas, os quais, vistos da terra, pareciam uma estrela brilhante.
*) O calendário Juliano vigorou até 1582, quando se iniciou o calendário Gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório XIII.