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Governo Trump interfere cada vez mais na pesquisa científica

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As interferências políticas do governo de Donald Trump nas instituições governamentais de investigação científica atingiram o nível de uma crise, salientaram os autores de um relatório de um centro de reflexão divulgado ontem.

O documento, publicado pelo Brennan Center for Justice, um centro de reflexão sobre Direito e Justiça, enumerou as ingerências nas agências científicas federais para procurar mudar algumas conclusões conforme as opiniões políticas na Casa Branca, sejam elas relativas à crise climática, à exploração petrolífera e ‘gasífera’ ou à meteorologia.

“A prerrogativa dos responsáveis políticos é conduzir a política, questionar inclusive os factos científicos e a metodologia usada pelos cientistas, mas é preciso proteger a investigação exata, apolítica e pública”, escreveram os autores, liderados pelo antigo procurador federal Preet Bharara, opositor declarado de Donald Trump, e Christine Todd Whitman, antiga diretora da Agência de Proteção do Ambiente (EPA, na sigla em inglês), durante a presidência de George W. Bush.

As ingerências políticas não são só de agora, mas intensificaram-se depois de 2017 e nunca foram tão frequentes, acrescentaram os autores.

Dirigentes da EPA impediram recentemente alguns dos seus cientistas de apresentarem comunicações em uma conferência. Um funcionário dos parques naturais foi pressionado para não utilizar o termo “alterações climáticas” na correspondência interna.

Em 2018, o relatório nacional sobre os problemas climáticos foi publicado pelo governo no dia seguinte ao feriado do Dia de Ação de Graças, altura em que os norte-americanos pouca informação consultam. Posteriormente, Trump disse que discordava das conclusões.

Recentemente, o governo desautorizou um gabinete do Serviço Meteorológico Nacional, que tinha avisado a população do Estado do Alabama de que, ao contrário do que Trump tinha escrito na rede social Twitter, o furacão Dorian não ameaçava o Estado.