Resolução do problema da superbactéria no Hospital do Funchal “vai levar algum tempo”
Os doentes podem receber visitas, ainda que de forma condicionada
O problema com uma infecção por uma superbactéria - KPC - no Hospital Dr. Nélio Mendonça ainda “vai levar algum tempo” até ficar resolvido. Quem o assume é Margarida Câmera, coordenadora do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções no SESARAM, nesta manhã, num conferência de imprensa para fazer o ponto da situação.
A médica explicou que, neste momento, a bactéria só foi confirmada laboratorialmente numa doente, mas que o protocolo determina que todos os outros doentes das enfermarias onde esteve sejam sujeitos a rastreio. É o que está a acontecer a outras 57 pessoas. Os profissionais de saúde e as visitas não têm indicação para ser feito rastreio.
As análises de rastreio, para ver se os doentes têm a bactéria no organismo, tenham ou não uma infecção em curso, são repetidas a cada 48 horas. Só quando os resultados são negativos por três vezes é que o doente é considerado como não tendo a bactéria. Conforme isso for acontecendo, esse doentes (sem a bactéria) ou vão ter alta ou vão ser transferidos para outros espaços, que não os que estão em quarentena, desde ontem.
A bactéria transmite-se por contacto directo ou através de objectos, que tenham estado em contacto com as pessoas infectadas.
Como se trata de um microorganismo que se aloja no intestino, as fezes são o maior privilegiado de transmissão, mas não o único. A saliva é outro.
Os doentes em quarentena podem receber visitas, que serão sujeitas às mesmas medidas de prevenção que os profissionais de saúde: bata, luvas e rigorosa higienização das mãos. As visitas estão limitadas a uma pessoa de cada vez e a 30 minutos.
A doente em quem foi identificada a bactéria esteve, no ano passado, num hospital de Lisboa. Mas isso não é sinónimo de importação da bactéria com as resistências acrescidas. Isso pode ter acontecido, como a resistência pode ter sido desenvolvida no hospital da Madeira.
A doente, neste momento está internada no Serviço de Nefrologia (Rins), mas também a Ortopedia (ossos), onde esteve antes, e a Urologia, que partilha o espaço com a Nefrologia, estão de quarentena.
A KPC, no serotipo identificado, é uma das bactérias mais resistentes a antibióticos, o que torna muito difícil o seu combate. A literatura médica reporta casos em que os tratamentos incluíram a administração diária de mais de uma dezena de antibióticos. Sempre que há uma evolução nos antibióticos, rapidamente a bactéria encontra forma de lhes resistir.
No entanto, neste momento, não há qualquer razão para alarme, garante os responsáveis pelo SESARAM, pois, como afirmou Tomásia Alves, em linguagem coloquial, “esta bactéria não anda a passear”.