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Hospital

Vou arriscar escrever sobre um tema que não só é altamente sensível como, ainda para mais, não sendo eu especialista na matéria, incorro num nível de disparate ainda maior do que quando falo sobre questões que me são mais familiares mas uma situação recente, com uma pessoa Amiga que me é muito próxima, levou-me a voltar a pensar neste assunto.

Não tive acesso a documentação suficiente que me permita estar seguro da necessidade de investirmos num novo hospital. Já li que esses números existem; onde os encontrar, nem o Dr. Google se me conseguiu ajudar.

Tenho, por outro lado, como absolutamente certo que é urgente resolver o problema dos Marmeleiros e que são necessárias obras no Hospital Central que, no mínimo, assegurem boas práticas e um funcionamento adequado.

Mais do que investir na nova infraestrutura, interessava cuidar do bem mais valioso para quem necessita de recorrer a cuidados de saúde: - os profissionais, sejam médicos ou outros que, em muitas situações, vêem-se obrigados a actuar sem o mínimo de condições mas estamos tão habituados a discutir betão – que tudo resolve - que já nem damos por ela.

Aparentemente, falta muita coisa, tanta que seguramente nem os caracteres todos de que disponho conseguiria enumerar. Mas só discutimos a construção do hospital!

Ao mesmo tempo, prevê-se uma diminuição da nossa população, embora se perspective, concomitantemente, um aumento da esperança média de vida. Está quase a nascer o hospital privado, que certamente poderá ter um papel importante na melhoria da prestação de cuidados de saúde, desde que devidamente integrado e protocolado, quando e se necessário.

Para além deste investimento, assiste-se à entrada de outros grupos relevantes no negócio da saúde e digo negócio sem qualquer pejo; esses pruridos de que a saúde não tem preço é a causa principal do actual estado a que chegámos, nesta área.

Tudo isto para chegar onde queria... Ouvi na rádio e procurei validar posteriormente, para me assegurar que não me tinha equivocado. Foi aberto concurso internacional para a construção de um novo hospital, em Évora. Deverá servir cerca de 500 mil pessoas, prevê-se que disporá para esse efeito de 351 camas em quartos individuais e o custo estimado rondará os 150 milhões de euros.

Por cá, com o silêncio complacente de todos os intervenientes, vá lá saber-se por que razão e com que motivações, para servir uma população de 250.000 almas, teremos de ter 550 camas e o investimento previsto será de 320 milhões de euros.

Até dou de barato (ou não...) o facto de já irmos na 3ª expropriação de terrenos para este efeito sem que ninguém pergunte nada. Mas não será de pedir que alguém nos explique ao menos tamanha diferença?